A pouco mais de um mês para o fim da gestão Marcelo Belinati (PP), Londrina segue em um cenário incerto quando o assunto é investimento. Dados da Capag (Capacidade de Pagamento) do Tesouro Nacional indicam que o comprometimento da receita do município com despesas é de 96,29%, o que garante pouco fôlego financeiro para aplicações em áreas estratégicas.
É o que explica o economista e professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) Marcos Rambalducci, que compõe a equipe de transição do prefeito eleito Tiago Amaral (PSD). Em entrevista à FOLHA, ele afirma que a próxima administração vai precisar trabalhar para mudar esse cenário, que passa pela readequação da matriz produtiva da cidade, ainda centrada nos setores de serviço e comércio, que pagam menos que a indústria, por exemplo.
“É como se uma pessoa que ganha R$ 3,5 mil por mês gastasse R$ 3,4 mil com as despesas da casa. Sobra apenas R$ 100 para investir. É muito pouco para a cidade de Londrina, principalmente pelas necessidades que temos”, diz o economista.
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O resultado da Capag deu a Londrina uma nota “C”, que impede que o município pegue empréstimos com aval do governo federal.
“Isso gera um aumento no custo de financiamento. Tudo que pegarmos de dinheiro para investir, vamos pegar de bancos privados com juros mais alto”, alerta Rambalducci. “Londrina é uma cidade pobre que não tem nem o aval da União para tomar dinheiro emprestado. É um problema imediato do município e que aponta para uma situação muito mais grave, que é não conseguirmos gerar poupança necessária para os investimentos que precisamos.”
De acordo com o economista, a equipe de transição já dialoga com a Secretaria de Fazenda para correr atrás o aval do governo federal para empréstimos futuros. Se o índice de comprometimento cair para 95%, a nota da Capag sobe para “B”.
“Enquanto nosso Orçamento aprovado foi de R$ 3,5 bilhões para 2025, Joinville (SC), que tem uma população parecida [pouco mais de 600 mil habitantes], tem R$ 5,6 bilhões. É uma diferença muito grande. Londrina não tem arrecadação porque nossa matriz está muito voltada para serviços e comércio”, explica.
Como a reindustrialização da cidade é um processo lento, Rambalducci entende ser necessário trazer dinheiro através de emendas e transferências financeiras, e reduzir os custos da máquina pública. O setor do turismo é estratégico nesse contexto, com a revitalização do quadrilátero central e a criação do Parque Linear do Igapó, promessas do prefeito eleito durante a campanha eleitoral.
Para piorar a situação, o economista alerta que os dados da Capag ainda são de 2023. Continue lendo na Folha de Londrina: