Até meados de dezembro, a frota de 2.500 ônibus de Curitiba estará rodando com um combustível menos poluente. Isso será possível com o início da fabricação do aditivo AEP-102, um solubilizante derivado do óleo de soja que permite a adição de álcool ao óleo diesel. O aditivo foi patenteado pelo pesquisador Rafael Alfredo Campi, de Brasilia, e pesquisado pela Alcoopar - Associação dos Produtores de Açúcar e Álcool do Paraná - que investiu R$ 1,5 milhão em três anos.
O objetivo da Alcoopar quando decidiu investir no produto era ampliar o mercado consumidor de álcool combustível, justificou o superintendente da Alcopar, Adriano da Silva Dias. O aditivo será fabricado pela indústria Ecomate que será inaugurada no próximo dia 27, em Cuiabá no Mato Grosso. Além de Curitiba, a direção da empresa está em negociação com as prefeituras de Campo Grande e Cuiabá que também devem aderir ao novo combustível. Para isso, precisam de autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que já concedeu a licença para a cidade de Curitiba em caráter pioneiro no país.
A Ecomate terá uma produção inicial de 1,2 milhão de litros de aditivos por mês, sendo que deverá enviar para Curitiba cerca de 150 mil litros por mês. A Ecomate é uma empresa constituída por destilarias do setor sucroalcooleiro do Mato Grosso. A empresa comprou a patente e é a única no mundo a fabricar o produto.
Com a adição de álcool ao óleo diesel, há uma redução de 47% a 50% na emissão de fumaças negras que poluem o ar nas grandes cidades, afirmou Silvio Cesar Pereira Rangel, diretor da Ecomate. Ele explica que o diesel queima melhor e reduz a emissão de poluentes na atmosfera. De acordo com o empresário, a utilização desse tipo de combustível equivale a retirar metade dos ônibus das grandes cidades.
O combustível é composto pela adição de 8% de álcool, 89,4% de diesel e 2,6% de aditivo à base de óleo de soja. A vantagem do aditivo é que ele resulta num solubilizante que dá uma mistura homogênea perfeita quando se adiciona o álcool ao óleo diesel, duas substâncias que não se misturam naturalmente.
A adição do álcool ao óleo diesel não vai baratear o custo do combustível no curto prazo. Isso porque com o custo de compra do aditivo, o valor do combustível vai ficar equivalente ao custo do óleo diesel. Mas essa relação é apenas inicial. À medida que mais cidades forem adotando esse novo combustível e o volume produzido for ampliado o custo do aditivo ficará mais barato, garante Rangel. Mas o empresário lembrou que os ganhos ambientais para a população e para o país com a redução da emissão de poluentes dos ônibus são imediatos.
A URBS, empresa gerenciadora do transporte coletivo em Curitiba, também fez testes com o diesel turbinado com o aditivo ecológico e concluiu que ele reduz a fumaça dos ônibus em 43%. Em Curitiba, onde são consumidos cinco milhões de litros de óleo diesel por mês no transporte coletivo, poderá haver uma redução de 120 toneladas de carbono emitido na atmosfera. Esse volume corresponde a retirada de 80 ônibus de circulação. O alcance social desse combustível aumenta à medida que aumenta o consumo de álcool e soja, onde o Paraná se destaca como grande produtor.