Economia

Motoristas fazem filas para escapar do reajuste

23 nov 2000 às 08:50

O reajuste do combustível provocou ontem um mega congestionamento de caminhões em frente ao pool de distribuidoras de gasolina e diesel, em Araucária (Região Metropolitana de Curitiba). O pátio permaneceu lotado durante todo o dia. A maioria dos motoristas, muitos do interior do estado, chegou a esperar em média cinco horas para receber o produto. Alguns caminhoneiros tiveram de ter mais paciência e passaram a noite em claro até serem atendidos.

O movimento atípico no dia a dia das distribuidoras foi provocado pelo excesso de pedidos dos postos de combustíveis, que tentaram receber o produto sem o reajuste de 11% autorizado para as refinaria. Os pedidos encaminhados até o final do expediente de trabalho de ontem foram liberados sem o aumento.


"Todo mundo antecipou o pedido para escapar do preço mais alto", disse ontem o motorista Tomás Neck. Ele transporta diesel e gasolina para o Posto BR Navegantes de São Mateus do Sul (região Sul). Ele conta que, anteontem, o movimento já era intenso em Araucária.


O sistema de abastecimento em frente às distribuidoras tem uma capacidade para atender 900 caminhões por dia. A estimativa não foi feita pelas distribuidoras, mas muitos motoristas calcularam que ontem o fornecimento chegou próximo à capacidade total. "Praticamente não dormi ontem para ficar na fila. Em dia normal, a gente chega aqui e já carrega e pode ir embora", reclamava Hilton de Paula. Os caminhoneiros eram chamados por um sistema de auto-falante, instalado para evitar tumulto.

Não foram apenas os donos de postos que quiseram aproveitar o último dia antes do reajuste. Os postos de combustíveis que mantiveram os preços mais baixos tiveram filas. Num posto Shell, no bairro Alto da Glória, em Curitiba, a fila se estendia pela quadra, no ínicio da tarde. A gasolina estava sendo vendida a R$ 1,429 e o álcool a R$ 0,849. O preço predominante na cidade era de R$ 1,459. Os postos que conseguiram comprar pelo preço sem reajuste devem segurar alguns dias o aumento. A previsão do Sindicombustíveis é de que o litro da gasolina passe a custar em torno de R$ 1,50. O sindicato estima que pode haver novas promoções e descontos, mas isso vai ocorrer após algumas semanas do reajuste, caso haja uma redução no consumo.


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