Londrina é um exemplo
para muitas cidades no que diz respeito à inovação. Contudo, podemos melhorar.
A equipe de transição
do prefeito eleito Tiago Amaral já alertou que Londrina precisa aumentar sua
receita. O professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e
colega colunista da Folha, Marcos
Rambalducci, demonstrou tecnicamente como a falta de uma arrecadação mais
robusta impede o Poder Executivo Municipal de fazer investimentos. Além disso,
o professor salientou que o aumento de arrecadação virá com a mudança da matriz
econômica de Londrina, passando de prestadora de serviços para uma cidade
industrial.
Mas como unir inovação e indústria? Na minha tese de doutorado fiz uma análise do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos, sem dúvida o melhor ecossistema de inovação do Brasil. Conheci e pesquisei como esses locais, abrigados nas grandes cidades do interior paulista, geram inovação, renda, impostos e trazem qualidade de vida à população. Uma das conclusões que cheguei é que a união empresas privadas, instituições de pesquisa públicas e governo traz os melhores resultados. É o conhecido Modelo Triplo Hélice, que deu origem ao modelo de inovação adotado no Brasil desde a década de 1970 e que foi gestado no Vale do Silício nos Estados Unidos.
Uma das cidades que
pesquisei é Piracicaba, com uma população de 430 mil habitantes, mas com um
orçamento para 2025 maior que Londrina (Piracicaba prevê R$ 3,49 bilhões e
Londrina R$ 3,3 bilhões). Como uma cidade com aproximadamente 170 mil
habitantes a menos (equivalente a população de Cambé e Rolândia somadas), pode
ter uma arrecadação maior? Piracicaba tem mais indústrias que Londrina. Lá
também há um parque tecnológico com diversas empresas com fábricas na região.
Neste local há ainda instituições de pesquisa e ensino, a incubadora
tecnológica da Universidade de São Paulo (USP), hubs de inovação privados e até
restaurante e academia de ginástica!
Meu leitor impaciente
diria que Londrina também tem tudo isso. Não exatamente igual, mas parecido. O
que Londrina precisa melhorar é a integração. Nesse ponto chego a outra
conclusão de minha tese de doutorado. O maior problema dos ecossistemas de
inovação é a desconexão entre os agentes. O Parque Tecnológico de Londrina
Francisco Sciarra é de 2002. Mas o que há neste local? Basicamente o CTD,
Companhia de Tecnologia e Desenvolvimento. Um espaço muito bonito, moderno, mas
com um reduzido número de empresas atuando lá. Há pouco tempo estive no CTD
para acompanhar o lançamento do laboratório da Nova do Brasil, empresa
argentina líder em biodesenvolvimento para o setor agrícola. Segundo o
representante da empresa no Brasil, a firma tem planos de construir uma fábrica
em Londrina a partir dos novos produtos que estão sendo desenvolvidos no
laboratório em solo londrinense. É tudo o que a cidade precisa, porém
precisamos avançar juntando pontas.
Nas próximas colunas
devo me aprofundar nessas questões. Até lá ;)
*Lucas
V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).
Jornalista
Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de
startups.
@professorlucasaraujo (Instagram)
@professorlucas1 (Twitter)