Economia

Governo quer baixar preço do botijão de gás em R$ 10

24 mai 2003 às 16:30

O governo pretende reduzir em R$ 10 o preço do botijão de gás, que custa em média R$ 29,60 no País. A Petrobras já começou a trabalhar para criar as condições para esta redução. A estatal tem a maior parcela sobre o preço final do produto - cerca de 37% -, mas condiciona sua participação no corte a uma contribuição de todos os elos da cadeia (revenda, distribuição, estados e União, por meio da redução de impostos).

Distribuidoras e revendedores rechaçam o corte em suas margens de lucro, responsáveis, juntas, por 28,8% do preço final do botijão. Segundo o diretor do Sindicato das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Lauro Cotta, a redução defendida pelo governo teria de passar por um corte nos impostos. Pelas suas contas, os impostos estaduais e municipais representam R$ 7, ou cerca de 25% do preço final do produto.


‘O setor está hoje com suas margens completamente apertadas e as companhias estão enfrentando momentos difíceis, com elevados índices de inadimplência, chegando na casa de 40% do total da carteira’, afirmou Cotta. As distribuidoras apresentaram ao Ministério de Minas e Energia um estudo em que sugerem uma margem de distribuição e revenda entre R$ 10 e R$ 12, sem contar o custo do frete.


Atualmente, segundo a Federação dos Revendedores de GLP, margens e frete correspondem a R$ 11,50 do custo do botijão. O presidente da Fergás, Álvaro Chagas, criticou a declaração de Dutra sobre a margem da revenda, que segundo ele, seria a mais alta do mundo. ‘Pode até ser, mas somente aqui no Brasil existe um sistema de transporte de gás de cozinha em botijões de 13 litros. Isso tem de ser levado em consideração’, comentou.


A distribuição, segundo ele, estaria com uma margem de R$ 7,50. ‘É preciso abrir o mercado para incentivar maior concorrência e, conseqüentemente, estimular a queda de preços pela competitividade direta’, comentou. Para ele, as afirmações de Dutra sobre corte nas margens representam o começo de um trabalho para criar um clima para a redução do preço final.


Levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) identificou um aumento no preço do botijão em abril, embora o último reajuste no preço de saída das refinarias tenha sido promovido antes do Natal. Segundo a ANP, o preço de revenda sofreu um acréscimo, em média, de 2,7% e as tabelas das distribuidoras tiveram um reajuste médio de 2,5%.


As declarações de Dutra reacenderam a polêmica em um setor onde os sindicatos dos distribuidores e dos revendedores e a Petrobras vivem se acusando pelos altos preços. A discussão sobre as margens foi amplificada no ano passado, quando o então ministro de Minas e Energia, Francisco Gomide, disse que havia espaço para o botijão baixar do preço vigente, então R$ 28, para R$ 23.

A confusão acabou em uma intervenção da ANP neste mercado, forçando a Petrobras a reduzir em 12,4% o preço cobrado pelas refinarias. Durante a campanha eleitoral, o candidato governista, José Serra, iniciou uma discussão com o então presidente da Petrobras, Francisco Gros, sobre o preço do botijão. Serra queria uma redução do valor cobrado pela estatal. Gros, ao falar sobre preços dos combustíveis, também usou o argumento de que os impostos eram responsáveis por parte da alta.


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