O botijão de 13 quilos do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) pode ficar até R$ 2,50 mais caro para o consumidor a partir da próxima segunda-feira. Pelo menos uma distribuidora de gás - a Nacional Gás Butano - já repassou o aumento para as revendedoras desde a segunda-feira passada e, segundo Lourival Marques Modesto, dono de uma revendedora no Jardin Sabará (zona oeste), em Londrina, todas as outras devem seguir o mesmo caminho a partir da próxima segunda-feira.
Lourival Marques Modesto acredita que o aumento seja uma 'represália' das distribuidoras à medida tomada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) há cerca de 20 dias, que desobriga os revendedores a serem fiéis a uma única marca de distribuição.
''A medida foi tomada para fomentar a concorrência e baixar o preço, mas o que vai acontecer é justamente o contrário'', afirma Marques, lembrando ainda que não existe nenhuma justificativa para um aumento nesse momento. ''Pelo contrário, a atual conjuntura nem permite elevação''.
Segundo Marques, o repasse da alta deve ser feito de forma integral para o consumidor, pois a margem de lucro das revendas é mínima. ''Esse aumento deve representar alta de pelo menos 10% em nossos custos. Não poderemos deixar de transferir esse prejuízo''.
O presidente da Federação Nacional de Revendedores de Gás Liquefeito de Petróleo (Fergas), Álvaro Chagas, afirma não ter notícias oficiais sobre qualquer aumento do produto, mas lembra que a livre determinação de preço é feita pelas distribuidoras desde dezembro de 2002.
A grande concentração de distribuidoras nas mãos de poucos grupos empresariais ajudaria o setor a determinar os preços de acordo com os próprios interesses, segundo Chagas. ''E uma elevação agora, a meu ver, não se justifica''.
No Brasil, 16 distribuidoras de gás são controladas por somente cinco grandes grupos econômicos, que dominam 96% do mercado. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), já investiga o setor por possível formação de cartel. E ainda segundo Chagas, o último aumento no preço do gás determinado pela Petrobras foi no dia 29 de dezembro.
A Associação Nacional de Distribuidoras de Gás (Angas), que representa as pequenas e médias empresas do setor, não acredita em aumento na semana que vem se não houver determinação da ANP ou da Petrobras. Segundo o presidente da Angas, Demétrio Augusto, uma alta do gás promovida simplesmente por represália não duraria muito tempo, principalmente em mercados como Paraná ou São Paulo, onde a concorrência é grande. ''A competitividade logo forçaria uma baixa''.
O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás (Sindigas), por meio da assessoria de imprensa, disse não ter nenhum dado oficial sobre possíveis altas do produto. O presidente do Sindigas, Lauro Cotta, está no exterior.
A Nacional Gás Butano também foi procurada pela reportagem da Folha para explicar os motivos para o aumento do preço do produto, mas a gerência administrativa da empresa informou que somente o superintendente do setor de gás, Maurício Martins, poderia falar sobre o assunto, mas ele estaria em reunião e não poderia atender à reportagem.