Fomento à inovação é um dos principais pilares de todo país que deseja gerar desenvolvimento
e progresso, inclusive para a população mais humilde. Essa tarefa, porém, é árdua. Ela exige
muito tempo e dedicação. É aquilo que chamamos de trabalho “formiguinha”, pois “não
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aparece” no dia a dia, mas com o passar dos anos faz uma diferença enorme.
Fomentar é estimular as pessoas a fazerem algo. Portanto, exige mudança de mentalidade, o que
torna os processos mais delicados. Nem sempre estamos propensos à mudança. Aliás, é muito
mais cômodo ficar na nossa zona de conforto. Por isso inovar demanda muito investimento de
tempo e de recursos.
Este é o meu trabalho há alguns anos com meus alunos de ciências agrárias na Universidade
Estadual de Londrina (UEL). Aos poucos, venho estimulando-os a ver a inovação como um
caminho a ser seguido. Embora o Brasil seja atualmente um dos países mais inovadores do
mundo no seguimento agrícola, ainda não temos uma mentalidade voltada à inovação em nossas
universidades.
Por conta disso, levei quatro pessoas com profundo conhecimento e experiência profissional
nesse setor para conversar com meus alunos do quinto ano de agronomia e zootecnia. Tatiana
Fiuza, Head de Inovação da Cocriagro; Sheila Valêncio, da Fitovision; Helder Rodrigues, da
Alga; e Elian Porta, da Nova do Brasil. Sheila e Helder são engenheiros agrônomos formados
pela UEL. Ambos criaram startups no setor agrícola que atualmente têm clientes até nos Estados
Unidos. Tatiana lidera os trabalhos em um dos maiores hubs de inovação do agro do Brasil e
Elian é CEO de uma empresa argentina que recentemente inaugurou um Centro de Inovação em
Biotecnologia em Londrina.
Foram duas horas de uma troca intensa de informações, conhecimentos, experiências, vivências
e muito aprendizado. Não espero que desse encontro seja criada a startup que vai revolucionar o
setor agrícola brasileiro. Longe disso. Pode ser que nenhum desses alunos impactados gere uma
nova empresa, tampouco uma tecnologia inovadora. Não há problema. O mais importante é
mudança de mentalidade. Os futuros agrônomos e zootecnista acreditarem que existe um
caminho na inovação. Fomento é isso.
Se queremos ser um país inovador, precisamos agir de forma mais incisiva nas universidades.
Nunca podemos nos esquecer que inovação depende de ciência, a qual é gerada sobretudo em
nossas universidades e centros de pesquisa. Mais críticos vão tentar me colocar em situação
delicada afirmando que recentemente disse que as startups, muitas vezes geradas por
universitários como meus alunos de ciências agrárias, não podem se sobrepujar ao micro e
pequenos empreendedores. De fato, mantenho minhas palavras. O que precisamos observar é
que ambas precisam caminhar juntas e, quem sabe, de forma colaborativa. Por que a ciência
gerada nas universidades não pode chegar nas comunidades e gerar inovação localmente? Já
estou pensando e trabalhando nisso há anos. Essas palestras fazem parte do meu plano ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).
Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups.
@professorlucasaraujo (Instagram) @professorlucas1 (Twitter)