Economia

Empresas de crédito pessoal disputam espaço

17 ago 2001 às 15:42

Panfletos nas ruas, pessoas contratadas para atrair a atenção dos transeuntes, anúncios em jornais e em redes de televisão. Os bancos e as financiadoras que trabalham com crédito pessoal estão apostando na propaganda para conquistar a confiança de pessoas com dificuldades econômicas.

Os trabalhadores mais visados são os servidores públicos. Empresas especializadas em empréstimos pessoais para servidores podem ser vistas em todos os lugares. Em volta do quartel geral da Polícia Militar são quatro financiadoras. Elas emprestam de acordo com a margem consignável do servidor público e o desconto das parcelas é feito em folha de pagamento.


O soldado Josué Soares, do setor de consignação do Departamento Financeiro da Polícia Militar, contou que a maioria dos policiais militares procura fazer empréstimos. "As dificuldades dos policiais militares são enormes. O pessoal está desesperado. O movimento aqui por empréstimo é grande. Além disto, temos várias financiadoras ao redor do quartel. O que é uma facilidade a mais para quem precisa de empréstimo", contou. Ele mesmo chegou a fazer um empréstimo tempos atrás, mas de apenas R$ 184,00. "Fiz porque era muito importante, porque precisava mesmo", afirmou Soares.


Nas ruas centrais de Curitiba, não é difícil verificar meninas vestidas de forma chamativa, dançando e entregando panfletos de créditos pessoais que oferecem créditos imediatos, com dinheiro na conta no mesmo dia. Num deles, a pessoa retira de R$ 200,00 a R$ 5 mil e concorre a diversos prêmios, como microondas, aparelho de som, televisores e carros. O crédito pode ser feito por telefone e pela Internet.


Outros propagandistas entregam uma nota de R$ 100,00 sem valor comercial para indicar a possibilidade de crédito em meia hora e com taxas bancárias baixas. O cliente ganha com qualquer valor emprestado um seguro de vida e um seguro desemprego. "Chama a atenção. A gente pensa duas vezes antes de jogar o panfleto fora", confessou a vendedora Carmem Lúcia Camargo, de 42 anos. Ela contou que tem passado dificuldades econômicas e que entende quando suas colegas contam que não conseguem pagar as parcelas de empréstimos contraídos há alguns meses.


O economista Gilberto Camargo não aconselha este tipo de empréstimo. De acordo com ele, os financiamentos já não são aconselháveis pelas altas taxas de juros, que variam entre 7% e 12,5%. "Se não tiver como evitar um empréstimo, escolha um crédito pessoal com valores pré-fixados. Não podemos nos iludir com indexadores", orientou.

Para os próximos 30 dias, por causa da crise da Argentina, a dica é para que o consumidor evite gastos e tente fazer reservas financeiras. "Não sabemos qual será o futuro do País. O consumidor tem que evitar gastos de quaisquer natureza. Este é um momento de espera", afirmou.


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