Especialistas no setor de energia, reunidos em congresso em Curitiba, defenderam a produção de energia elétrica a partir da biomassa e o uso da cogeração energética como alternativas para evitar o colapso que deverá deixar o país na escuridão, já partir do próximo mês.
O potencial em cogeração é de 15 mil megawatts e poderia atender, principalmente, os setores industriais, siderúrgicas, hospitais e shoppings. O uso do bagaço de cana-de-cana, que tem ganhado espaço no interior paulista, ainda é desconhecido na maioria das usinas paranaenses. Somente no ano passado começou a ganhar destaque, mas falta estímulo para investir.
"A utilização do bagaço de cana só tem pontos positivos. Hoje usamos 40% da cana que é a sacarose e jogamos fora 60% que é a celulose", relatou o físico José Valter Bautista Vidal. O presidente da Comissão de Pós Graduação em Energia da USP, Ildo Sauer, também saiu em defesa do aproveitamento da energia da cana-de-açúcar. Para ele, o governo deveria liberar financiamento e dotar as empresas para que se envolvessem no processo de estímulo à cogeração.
Principal responsável pela criação do Proálcool, Bautista Vidal fez um discurso inflamado contra a forma adotada pelo governo brasileiro para o setor energético, que se baseia na privatização. Ele ressaltou que o País está entregando seu potencial de hidroenergia para grupos estrangeiros e condenando a população à escuridão.
Bautista Vidal reforçou a necessidade de se buscar outras formas de produção de energia, defendendo o uso da energia solar. "Biomassa é a forma de se armazenar energia solar", afirmou.
Os debatedores que participam do seminário sobre Matriz Energética, promovido pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-PR) foram unânimes em defender o modelo estatal para a produção de energia elétrica no País. O consultor Joaquim Francisco Carvalho ressaltou que até mesmo nos Estados Unidos, onde a maioria dos serviços está com o setor privado, as hidrelétricas são estatais. A exceção ficou por conta da Califórnia, que entrou em colapso energético no início deste ano.
Leia mais em reportagem de Carmem Murara, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta terça-feira