Economia

A inovação na agricultura familiar do Paraná

30 out 2023 às 08:00

A entrevista especial de hoje é com a deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), líder do Bloco

Parlamentar da Agricultura Familiar na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP):

 

1) Em torno de 70% do que está na mesa do brasileiro provém da agricultura familiar,

porém, a visão predominante é de que a agricultura moderna e inovadora está apenas nas

grandes propriedades. A agricultura familiar paranaense também é inovadora? Como é

possível inovar nas pequenas propriedades geridas por agricultores familiares?


Inovar costuma ser um conceito frequentemente associado apenas à tecnologia e mecanização

na produção, visando aumentar o lucro ao longo da cadeia produtiva. No entanto, é possível

inovar, especialmente nas pequenas propriedades da agricultura familiar, nas comunidades

tradicionais e de reforma agrária, por meio da gestão sustentável. Essa abordagem busca

otimizar recursos, promover cultivos e práticas que não prejudiquem o meio ambiente e

priorizem a saúde tanto de quem planta quanto de quem consome os alimentos. A inovação

pode se manifestar de diversas formas, como na aplicação de tecnologias e na implementação de

sistemas orgânicos, agroecológicos e biodefensivos. Além disso, a pesquisa de consorciação

natural, que combina rentabilidade, produtividade e requer menos esforço de trabalho, pode

tornar a atividade produtiva menos penosa e valorizar os conhecimentos e práticas culturais e

sociais das comunidades locais.


A inovação, do ponto de vista dos governos e das políticas públicas, deve incluir programas e

ações que priorizem a produção em sistemas orgânicos e agroecológicos. São esses agricultores

familiares que fornecem alimentos para as famílias, promovem segurança alimentar e

nutricional, estimulam a economia nos pequenos municípios e no nosso estado.


2) Um problema recorrente quando tratamos de inovação é a falta de crédito e de recursos

em forma de subvenção econômica. Como esse problema vem sendo tratado pelos

pequenos agricultores que enfrentam problemas ainda mais sérios para financiar a

produção, já que dependem quase exclusivamente do PRONAF?


Com compromisso dos governos nessa priorização de políticas públicas, inclusive, para fomento

e viabilidade da agricultura familiar. Propus há alguns anos, por meio de indicação legislativa,

que o governo ampliasse os recursos na dotação orçamentária da Secretaria da Agricultura e do

Abastecimento do Paraná (SEAB), elevando de cerca de 1% para 3% do PIB estadual. A

proposta foi aceita e até valorizada por diferentes secretários à frente dessa pasta, que sabem da

importância dessa fonte de recursos na viabilidade das suas ações institucionais. Mas precisa da

decisão lá de cima, do próprio governador.


Do compromisso, abrem-se inúmeras oportunidades de fazer com que recursos assim ou de

fundos específicos estimulem ações combinadas e intersetoriais das diferentes secretarias,

organismos diversos, universidades e institutos de pesquisa, além de possibilitar e atrair a

confiança necessária para a formação de parcerias público-privadas.

Continua na próxima coluna ;)


*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).

Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups.

@professorlucasaraujo (Instagram) @professorlucas1 (Twitter)

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