A entrevista especial de hoje é com a deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), líder do Bloco
Parlamentar da Agricultura Familiar na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP):
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1) Em torno de 70% do que está na mesa do brasileiro provém da agricultura familiar,
porém, a visão predominante é de que a agricultura moderna e inovadora está apenas nas
grandes propriedades. A agricultura familiar paranaense também é inovadora? Como é
possível inovar nas pequenas propriedades geridas por agricultores familiares?
Inovar costuma ser um conceito frequentemente associado apenas à tecnologia e mecanização
na produção, visando aumentar o lucro ao longo da cadeia produtiva. No entanto, é possível
inovar, especialmente nas pequenas propriedades da agricultura familiar, nas comunidades
tradicionais e de reforma agrária, por meio da gestão sustentável. Essa abordagem busca
otimizar recursos, promover cultivos e práticas que não prejudiquem o meio ambiente e
priorizem a saúde tanto de quem planta quanto de quem consome os alimentos. A inovação
pode se manifestar de diversas formas, como na aplicação de tecnologias e na implementação de
sistemas orgânicos, agroecológicos e biodefensivos. Além disso, a pesquisa de consorciação
natural, que combina rentabilidade, produtividade e requer menos esforço de trabalho, pode
tornar a atividade produtiva menos penosa e valorizar os conhecimentos e práticas culturais e
sociais das comunidades locais.
A inovação, do ponto de vista dos governos e das políticas públicas, deve incluir programas e
ações que priorizem a produção em sistemas orgânicos e agroecológicos. São esses agricultores
familiares que fornecem alimentos para as famílias, promovem segurança alimentar e
nutricional, estimulam a economia nos pequenos municípios e no nosso estado.
2) Um problema recorrente quando tratamos de inovação é a falta de crédito e de recursos
em forma de subvenção econômica. Como esse problema vem sendo tratado pelos
pequenos agricultores que enfrentam problemas ainda mais sérios para financiar a
produção, já que dependem quase exclusivamente do PRONAF?
Com compromisso dos governos nessa priorização de políticas públicas, inclusive, para fomento
e viabilidade da agricultura familiar. Propus há alguns anos, por meio de indicação legislativa,
que o governo ampliasse os recursos na dotação orçamentária da Secretaria da Agricultura e do
Abastecimento do Paraná (SEAB), elevando de cerca de 1% para 3% do PIB estadual. A
proposta foi aceita e até valorizada por diferentes secretários à frente dessa pasta, que sabem da
importância dessa fonte de recursos na viabilidade das suas ações institucionais. Mas precisa da
decisão lá de cima, do próprio governador.
Do compromisso, abrem-se inúmeras oportunidades de fazer com que recursos assim ou de
fundos específicos estimulem ações combinadas e intersetoriais das diferentes secretarias,
organismos diversos, universidades e institutos de pesquisa, além de possibilitar e atrair a
confiança necessária para a formação de parcerias público-privadas.
Continua na próxima coluna ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).
Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups.
@professorlucasaraujo (Instagram) @professorlucas1 (Twitter)