A Mesa Executiva da Câmara Municipal arquivou a representação feita pelo Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial pela citação irônica do vereador Claudinei Pereira dos Santos, o Santão (PSC), do termo "todes", da chamada linguagem neutra, durante a sessão do dia 5 de agosto.
O grupo é formado pelos vereadores Jairo Tamura (PL), Daniele Ziober (PP), Aílton Nantes (PP), Sônia Gimenez (PSB) e Mara Boca Aberta (PROS).
No site da Câmara, a Mesa Executiva cita que se baseou no parecer da Procuradoria Juridícia para não prosseguir com a denúncia. A decisão de arquivamento é definitiva e saiu no começo de dezembro.
O teor do documento ainda não foi disponibilizado publicamente.
Tudo aconteceu quando o Legislativo organizou um ato sobre o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio e a palavra que gerou a polêmica foi usada pela gestora municipal de Promoção da Igualdade Racial de Londrina, Maria de Fátima Beraldo, em seu discurso.
Ela cumprimentou as pessoas que acompanhavam a sessão com um "boa tarde a todos, a todas e a todes".
Quando chegou sua vez de falar, Santão disse: "Nunca vi alguém cumprimentar um achocolatado. Eu vou me despedir então dizendo boa tarde aos 'tódis', 'nescaus' ou 'nescais', aos cafés, aos chás, derivados de leite em geral".
O Conselho classificou a atitude do parlamentar como "racista" e protocolou o pedido de cassação. Um dos argumentos principais é que Santão teria desrespeitado o Código de Ética e Decoro Parlamentar "ao usar expressões ofensivas, discriminatórias e preconceituosas".
Procurada para comentar o engavetamento do pedido, a presidente do órgão, Fiama Heloísa dos Santos, disse que não vai se manifestar por enquanto porque ainda não teve acesso aos argumentos dos vereadores.
Para Santão, o pedido de cassação foi um exagero. "A crítica que fiz foi contundente. Algumas pessoas judicializam tudo porque foram criticadas. Quem atua nesse meio político e acha que não vai ser criticado, está bem enganado. Não ofendi ninguém. Fui irônico apenas", observou.