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Riscos à saúde

Versões manipuladas de Ozempic e Mounjaro são ofertadas nas redes sociais; prática é contraindicada

Patrícia Pasquini - Folhapress
09 set 2024 às 08:30
- Divulgação
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Circula no TikTok um vídeo da nutróloga (especialidade médica que aborda nutrição) Caroline Guimarães no qual ela afirma que prescreve todos os dias a semaglutida - princípio ativo do Ozempic - manipulada.

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A médica, que é especialista em emagrecimento, também diz que alguns laboratórios de manipulação têm autorização da justiça para a manipulação do Ozempic, e ressalta que o tratamento é seguro, eficaz e mais barato. Ela ainda alerta sobre o cuidado para não adquirir medicação clandestina e diz que é necessário receita médica.

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À Folha de S.Paulo, Guimarães disse que o vídeo é informativo, com o objetivo de orientar as pessoas que têm dúvidas, e não para promover o uso de medicações.


Sobre a qualidade da substância aplicada nos pacientes, a nutróloga diz confiar na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). "Prescrevo tratamentos diversos para os meus pacientes todos os dias, com bons resultados. Tenho níveis ótimos de avaliação; pouquíssimas pessoas ficam insatisfeitas porque eu sou extremamente cuidadosa com o que eu faço", ressalta a médica.

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A Novo Nordisk é a única detentora da patente do princípio ativo do Ozempic, e não autoriza o fornecimento de semaglutida a nenhuma farmácia de manipulação ou outro fabricante. "A importação, manipulação, fabricação e comercialização dos medicamentos e princípios ativos registrados pela companhia no Brasil, que não sejam nas apresentações originais, são consideradas irregulares", afirma o laboratório.


Porém, há uma ressalva. O inciso 3 do Artigo 43 da Lei 9.279, de 14 de maio de 1996, diz que o direito do titular da patente de impedir terceiros de produzir, usar, vender ou importar não se aplica à preparação de medicamento com prescrição médica para casos individuais.

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"Uma parte importante desse dispositivo é quando a lei fala em casos individuais. Não é quando o paciente pede um medicamento manipulado. Na verdade, é quando esse paciente necessita de um remédio manipulado personalizado", explica o advogado da Novo Nordisk e sócio do escritório Dannemann Siemsen, Bernardo Marinho.


"Às vezes, o medicamento da patente tem uma concentração de 50 miligramas [mg]. Esse paciente precisa de 43 mg e o laboratório da empresa que detém a patente não oferece. Ele precisa recorrer à farmácia de manipulação. E aí, pensando nisso, o legislador falou: esse ato não pode ser uma infração, tem que ter uma liberdade para as farmácias de manipulação. E elas se aproveitam", diz o advogado.

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Segundo Marinho, a manipulação não personalizada da medicação é uma infração de patente e sanitária, porque a agência não permite a manipulação de um medicamento em substituição ao disponível no mercado. Também é vedado às farmácias de manipulação produzir medicamentos em larga escala.


Promessas de emagrecimento rápido e seguro a preços baixos com a manipulação dos princípios ativos do Ozempic e também do Mounjaro viraram febre nas redes sociais. Ambos são aprovados para o controle do diabetes tipo 2, e também tiveram, nos ensaios clínicos, eficácia contra a obesidade.

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Nas redes, a especialista em marketing de influência Eduarda Gabrielle recomenda a compra do Mounjaro manipulado com indicação para o site Mounjaro Brasil. A plataforma dá a opção a quem deseja adquirir o produto original. A compra é feita pelo endereço eletrônico e a medicação enviada dos Estados Unidos.


O Mounjaro ainda não está disponível no mercado brasileiro, mas é possível importar por cerca de R$ 5.000 por tubo. A Eli Lilly do Brasil, fabricante do medicamento, diz que não realiza ou tem qualquer participação em processos de importação de medicamentos.

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Segundo Gabrielle, as farmácias de manipulação têm autorização para produzir medicamentos nos EUA quando a detentora da patente não consegue atender à demanda.


Para Celso Cukier, nutrólogo do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto Cohen de Ortopedia, Saúde e Esporte, a oferta de substâncias que prometem baixo custo e efeitos rápidos é um problema de saúde pública que começa nas propagandas das mídias sociais. O especialista orienta a não acreditar em promessas fáceis.


Já a endocrinologista Maria Fernanda Barca, da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) e da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), afirma que o uso de medicamentos manipulados dos quais não se conhece a procedência oferece riscos à saúde.


"Há risco de diversos efeitos, desde pancreatite, reação alérgica no local até choque anafilático. Se a pessoa é alérgica ao que está sendo injetado, há risco de morte. Ela pode evoluir para um estado mais grave e não conseguimos saber o porquê", diz.


"Tem gente sendo presa por contrabando, trazendo Mounjaro de várias cidades. Já tenho relatos de pacientes que tomaram antes de entrarem em contato comigo. Eles dizem que nem sentem o efeito, dependendo da caneta. Tenho pacientes que obtêm de profissionais não qualificados, como manicures."


Em resposta à Folha de S.Paulo, a Eli Lilly diz que tem tomado conhecimento da proliferação de vendas online e postagens nas mídias sociais relacionadas à comercialização de tirzepatida e não reconhece esses anúncios. A farmacêutica disse que "apura essas ações para avaliar as eventuais medidas cabíveis" e que qualquer medicamento vendido por anúncio nas mídias sociais é ilegal".


No final de agosto, a Lilly fez um alerta sobre os riscos de utilizar medicamentos falsificados e manipulados após a Anvisa ter identificado um lote (220714) falsificado do Mounjaro.


Já a Anvisa disse que a inspeção e o acompanhamento das farmácias de manipulação são delegados aos estados e municípios, e que cabe ao órgão analisar a autorização de funcionamento e realizar fiscalizações nos estabelecimentos, motivada por denúncias, ou quando detecta a necessidade de verificar o mercado como um todo.


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