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Alerta

Universidades federais preveem dificuldade para pagar contas e manter auxílio a alunos

Bruno Lucca - Folhapress
09 ago 2024 às 13:56

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- UFPR
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Após o governo Lula (PT) bloquear R$ 1,28 bilhão do MEC (Ministério da Educação) para cumprir metas fiscais, universidades federais começam a calcular o impacto em suas finanças.

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Reitorias já preveem dificuldades para pagar despesas básicas e manter programas de assistência estudantil. Questionada sobre a situação, a pasta de Camilo Santana diz apenas atender à programação orçamentária do governo.

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Nenhum real foi retirado das unidades, mas houve diminuição do limite de gastos por meio do congelamento de repasses.


Os bloqueios foram majoritariamente de emendas parlamentares destinadas às universidades e não empenhadas até 23 de julho. A gestão petista, porém, fez mais. Na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), R$ 29 milhões foram retidos pelo Tesouro até esta quinta-feira (8).

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O governo federal prometeu duas janelas para liberação das cifras travadas, de 1º de outubro a 30 de novembro e 1º a 30 de dezembro.


Se houver o retorno do limite de empenho, o orçamento da UFSC para este ano não deve ser afetado. "No entanto, isso dificulta o planejamento e a execução financeira", afirma a instituição, que já previa déficit em 2024 antes da retenção, a exemplo os dois últimos anos.

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A situação da Ufcat (Universidade Federal de Catalão), em Goiás, é ainda mais delicada. Conforme o seu orçamento previsto, já eram esperadas dificuldades operacionais a partir de setembro.


O contingenciamento deve adiantar o "ponto crítico" para agosto, diz a instituição. "Essa manobra inviabiliza o pagamento de despesas de toda ordem, inclusive assistência estudantil", segue. Foram retidos mais de R$ 3 milhões da universidade, correspondentes a 18% de seu orçamento anual.

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José Daniel Diniz, presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), diz ver com preocupação o fato de o bloqueio do governo recair especialmente na área da educação, mas diz estar em diálogo com os ministros de Lula por algum ressarcimento. "A nossa expectativa é de que o orçamento de 2025 tenha um crescimento real sobre os recursos deste ano."


Enquanto isso, a Ufob (Universidade Federal do Oeste da Bahia) teve travados mais de R$ 5 milhões. Por enquanto, seus gestores afirmam observar de forma cautelosa os passos do governo, mas com uma grande preocupação: a possibilidade de o bloqueio não ser revertido e evoluir para um corte.

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"Não temos condições de absorver uma redução de crédito. Caso ocorra, impactará diretamente no funcionamento e continuidade das atividades acadêmicas", diz a escola superior.


Essa é também a preocupação de outros centros, como a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), maior federal do país. Lá, cerca de R$ 60 milhões foram encadeados pelo governo. Por isso, alunos organizam um protesto para quarta-feira (14).

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"Recebemos a notícia durante reunião junto a reitoria, que também soube na hora e nos garantiu prioridade e manutenção dos programas de permanência estudantil. Porém, apresentou que o bloqueio pode desencadear em corte de água, luz, falta de pagamento às empresas terceirizadas", diz nota do DCE (Diretório Central dos Estudantes) Mario Prata, maior entidade discente da instituição fluminense.


A manobra fiscal do governo petista ocorre em meio a uma crise nas unidades federais de ensino. Como mostrou a Folha, universidades federais de todas as regiões do país acumulam obras paradas ou atrasadas e projetos abandonados em razão da queda de orçamento que viveram nos últimos anos. Além disso, a verba para custeio do dia a dia também é crítica.


O governo federal anunciou no início de junho um PAC de R$ 5,5 bilhões para parte dessas obras inacabadas. O anúncio ocorreu em meio à greve de professores e servidores, em uma tentativa de esvaziar o movimento.


Parte do recurso anunciado já estava prevista desde agosto do ano passado. Reitores afirmam que os valores liberados ainda são insuficientes para retomar os projetos e abarcar os investimentos necessários.
Outras dez instituições de todo o país foram questionadas sobre os impactos do bloqueio orçamentário. Cinco delas -casos da UFC (Universidade Federal do Ceará) e da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), por exemplo- responderam seguir calculando os danos, mas esperar que o Estado cumpra sua promessa de liberar o dinheiro a partir de outubro.


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