Nos últimos dois meses, quando as medidas de afastamento social nos fizeram ficar mais tempo em casa, a internet se tornou uma ferramenta ainda mais presente. Seja para buscar informações, estudar, manter contato com familiares ou fazer compras de alimentos e remédios. Mas 47 milhões de brasileiros não têm essa opção, por falta de acesso à internet. É mais gente desconectada do que toda a população do nosso maior vizinho, a Argentina.
Foi o que mostrou a pesquisa TIC Domicílios 2019, feita de outubro do ano passado a março deste ano e divulgada nessa terça-feira pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil. O coordenador da pesquisa, Fábio Storino, explica que o levantamento mostra um retrato do país no começo da quarentena e evidenciou as diferenças sociais.
A pesquisa TIC Domicílios entrevistou mais de 20 mil pessoas em todo o país. É um levantamento anual, feito há 15 anos. Pela primeira vez, mais da metade dos moradores das áreas rurais tem acesso à internet. Também foi a primeira pesquisa a mostrar que mais da metade da população das classes C, D e E têm acesso à rede.
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Como os telefones celulares costumam ser mais baratos que tablets e computadores, estão cada vez mais populares. Dos 134 milhões de usuários de internet no país, 99% acessam a rede por meio de um smartphone. Storino destaca que, em alguns grupos sociais, o acesso é feito somente pelo celular.
Apesar do crescimento no uso do celular, os pesquisadores verificaram que, nas casas onde não existe computador, as pessoas costumam ter muito mais dificuldade para trabalhar e, principalmente, para estudar. Isso porque a velocidade da conexão normalmente é muito menor e a tela do aparelho - pequena - prejudica a compreensão do que aparece escrito durante as aulas.
Mas o acesso pelo celular veio para ficar. Storino comenta que normalmente o acesso à internet é feito em casa mesmo, mas cada vez mais as pessoas fazem isso durante seus deslocamentos.
Completam a lista de lugares onde as pessoas costumam acessar a internet, o local de trabalho, na quarta posição, e os locais públicos de acesso gratuito, como telecentros e bibliotecas, em quinto lugar.