Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Contrabando

Saiba como funciona o mercado cinza dos smartphones, que fatura R$ 6 bi ao ano

Folhapress/Daniele Madureira
26 out 2021 às 17:23

Compartilhar notícia

- Zanone Fraissat/Folhapress
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

O smartphone Xiaomi, modelo Redimi Note 8, com 64 gigabytes de memória interna e 4 gigabytes de memória RAM, pode ser encontrado no site da Casas Bahia por R$ 1.498. Por outro lado, no site de uma varejista online pouco conhecida, o mesmo produto é oferecido por R$ 687,65. Um achado da internet? Não, trata-se muito provavelmente de um smartphone comprado no mercado cinza e revendido a um preço módico perto do seu valor real.


De acordo com a consultoria IDC Brasil, especializada no setor de tecnologia da informação, o mercado cinza de eletroeletrônicos envolve produtos contrabandeados especialmente do Paraguai. São itens originais, que saíram das suas respectivas fábricas e chegaram legalmente ao país vizinho. Mas atravessaram a fronteira sem pagar impostos e são oferecidos na internet a preços muito mais baixos que os dos varejistas formais –mesmo considerando a margem de lucro do revendedor.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


"O mercado cinza sempre existiu, mas ele se resumia a 20 mil ou 30 mil unidades ao ano de marcas tradicionais, como Motorola e iPhone", diz Reinaldo Sakis, gerente de consultoria e pesquisas da IDC Brasil. "Mas nos últimos anos ele cresceu de forma espetacular e atingiu 3,8 milhões de unidades em 2020".
O motivo para esta guinada é o aumento da presença da Xiaomi, a marca chinesa de smartphones que é uma das mais vendidas no mundo. 

Leia mais:

Imagem de destaque
Imposto de renda

Receita Federal abre consulta ao lote residual de dezembro na segunda-feira

Imagem de destaque
Há relatos de discriminação

No Brasil, inspeção de passageiros em aeroportos é aleatória, garante Anac

Imagem de destaque
Não chegou

Três em cada dez residências não têm rede de esgoto

Imagem de destaque
Pacote de gastos

Senado aprova projeto que limita ganho do salário mínimo e muda regras do BPC


Em 2021, superou a Apple e se tornou a segunda maior fabricante mundial do produto, só atrás da coreana Samsung. No Brasil, está presente apenas com lojas próprias e detém, oficialmente, uma fatia de 3% das vendas de celulares no país. Mas, considerando o mercado formal e o mercado cinza –que somou 46 milhões de unidades em 2020 e faturou R$ 71 bilhões no Brasil–, a fatia da Xiaomi sobe para 9%.

Publicidade


Depois da saída da coreana LG do mercado mundial de smartphones anunciada em abril de 2021, a empresa deixou um vácuo de 12% de participação no mercado brasileiro, dominado pela Samsung (dona de 50% do volume de aparelhos vendidos), seguida pela Motorola (controlada pela também chinesa Lenovo e dona de 30% do mercado nacional). A Xiaomi vem crescendo neste vácuo, principalmente pelas mãos de terceiros ilegais.


Para conquistar a lacuna deixada pela LG e fazer frente ao poderio da Xiaomi, a Positivo Tecnologia anunciou nesta segunda-feira (25) parceria com a fabricante chinesa de celulares Transsion Holdings, uma das seis maiores do mundo, para lançar no Brasil smartphones da marca Infinix na categoria intermediária, com preços de R$ 1.000 a R$ 2.999.

Publicidade


O primeiro aparelho é o Note 10 PRO, com preços de R$ 1.499 (128 GB) e R$ 1.699 (256 GB). O produto já está disponível para venda na Casas Bahia e no Ponto, redes varejistas da Via. A partir de dezembro, também será oferecido pela operadora Vivo.


Um dos diferenciais é a oferta de dois anos de garantia. O produto tem tela de 6,95 polegadas, 8 giga de memória RAM, armazenamento de 256 gigabytes, quatro câmeras, autonomia suficiente para 142 horas de reprodução de música, 58 horas de ligação ou 11 horas de jogo. O Infinix recebeu este ano o prêmio iF Design Award, um dos principais da categoria de design no mundo.

Publicidade


"Precisávamos de uma parceria com um player de peso mundial para conseguir escala e avançar no mercado de smartphones no Brasil, fazendo frente ao mercado cinza", disse à reportagem o vice-presidente de consumo da Positivo, Norberto Maraschin.


Para se ter uma ideia do que significa "escala", a Transsion fabricou globalmente 200 milhões de celulares em 2020 –cinco vezes a produção brasileira no ano passado, de 40 milhões de unidades. "Uma fabricante desse porte tem prioridade na mesa de negociações com fornecedores de chips e demais componentes", diz Marachin.

Publicidade


Neste ano, o mercado brasileiro de smartphones foi impactado pela falta de insumos e deve registrar uma queda de 1,7% em volume, para 45,2 milhões de unidades, com aumento de 9,7% do faturamento, para R$ 77,9 bilhões (sem descontar a inflação). "Os fabricantes teriam aumentado as vendas se houvesse mais produto disponível", diz Sakis, do IDC. "Para a Black Friday e o Natal, o mercado está abastecido. Mas há dúvidas quanto a janeiro".


Segundo Maraschin, o lançamento do Infinix traz vantagens tanto para o público quanto para os varejistas em relação ao mercado cinza. "Para o consumidor, nosso produto oferece uma rede de assistências técnicas em todo o país, em que 95% dos consertos são realizados em até dez dias", afirma. "Se a tela de um celular do mercado cinza quebra, não tem peça, nem garantia", diz.

Publicidade


Do lado do varejo, de acordo com o vice-presidente da Positivo, a torcida era grande para a entrada de um terceiro fabricante nacional que ocupasse o lugar da LG e pudesse fazer frente ao portfólio do mercado cinza.


Além dos produtos da Xiaomi, o Infinix vai concorrer diretamente com o Motorola Edge e o Samsung A72. Com a marca, a ideia é lançar oito modelos, todos na categoria intermediária, na qual a empresa não trabalhava. A companhia só tinha celulares da marca Positivo, mais básicos (com preços de R$ 499 a R$ 699), e a marca Quantum, direcionada a maquininhas de cartão com smartphone.


Uma equipe de 50 engenheiros da Transsion passou seis meses no Brasil para desenvolver o produto. A Positivo não informa o investimento no lançamento ou a duração da parceria com a chinesa, mas garante que será de longo prazo. Diz apenas que está prevista uma injeção de R$ 50 milhões na linha de produção para os próximos três anos.


O Infinix brasileiro opera nas redes 4G. Mas Positivo e Transsion afirmam estudar o início da produção dos aparelhos 5G, cuja tecnologia ainda não está disponível no país. As empresas que vão operar a tecnologia serão anunciadas após leilão marcado para o próximo dia 4 de novembro.

Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo