O primeiro dia dos condenados do mensalão na Penitenciária da Papuda, em Brasília, acabou em pizza - mais precisamente, dez pizzas grandes. A Polícia Federal encomendou caixas da típica comida italiana e promoveu um jantar "VIP" para os padrões da cadeia. Proibidas para os demais presos, que são obrigados a comer as quentinhas da prisão, as pizzas foram compradas pelos policiais de plantão na noite do dia 16, um sábado.
Elas chegaram à cela 4, que abrigava o deputado José Genoino (PT), o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, e o ex-tesoureiro do PL (hoje PR), Jacinto Lamas. O cardápio é citado em relatório do procurador Aurélio Veiga Rios, que visitou o local no dia seguinte e constatou "a existência de dois sacos de lixo de 100 litros com as embalagens de pizza".
Ao Estado, a PF afirmou que as pizzas foram pedidas pelos agentes, que estavam sem comer havia 12 horas, e oferecidas por educação "apenas a Genoino". A Vara de Execuções Penais do DF determinou anteontem tratamento igualitário, em relação a alimentação e visitas, aos presos da Papuda.
Diferenciado. Desde a transferência à Papuda, diversas situações evidenciaram tratamento diferenciado aos condenados do mensalão, que receberam romarias de visitantes ilustres, a maioria congressista, fora dos dias e horários previstos para os demais internos. Parentes e amigos dos presos comuns, no entanto, comemoraram a mudança de tratamento dos funcionários da penitenciária - agora supostamente mais cortês - na fila para a revista e a entrada.
Na quinta-feira, a Vara de Execuções Penais (VEP) do DF determinou tratamento igualitário, em relação a alimentação e visitas, aos presos da Papuda, em Brasília."A quebra da isonomia encontraria justificativa apenas e tão somente se fosse possível aceitar a existência de dois grupos de seres humanos", diz a decisão.
Procurado pelo Estado, o procurador Aurélio Virgílio não se pronunciou. A VEP informou que a ala da PF na Papuda é federal e não está sob sua jurisdição.