Anunciado pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) como mentor do Time Brasil nas Olimpíadas de Paris, Joel Jota está sendo criticado por atletas na internet. Nadadores olímpicos como Joanna Maranhão e Bruno Fratus desaprovaram a escolha do ex-colega, que entre atletas é tido como "charlatão" e acusado de exagerar sobre suas conquistas esportivas.
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Em seus perfis nas redes sociais, contracapas de seus livros de autoajuda e em seu currículo no site em que vende seus cursos de coach, Jota declara ser ex-nadador da seleção brasileira. Ele também se afirma como "um dos nadadores mais rápidos do mundo".
Em entrevista à reportagem, Joel Jota afirmou que houve "ruído na comunicação", e que é sim, ex-integrante da seleção brasileira. Só não da olímpica.
"Existem várias seleções brasileiras", explica Joel. "Eles estão falando que eu inventei meu currículo. Não inventei, eu fui da seleção brasileira. Em nenhum momento disse que era da olímpica", justifica.
"Não existe só a seleção olímpica. Já disputei Copa do Mundo de Natação, fiquei em sétimo lugar. Fui convocado pela Confederação Brasileira de Esportes Aquáticos para representar o Brasil na Copa do Mundo de Natação na África do Sul", diz.
'JOANNA E FRATUS DEVERIAM TER MAIS AUTOESTIMA'
Questionado sobre as críticas que ouviu dos colegas, Jota devolveu com elogios e disse que Fratus e Joanna deveriam ter mais autoestima.
"'Considerado um dos nadadores mais rápidos do mundo'. Nem eu quando fui finalista olímpica tinha essa auto estima", escreveu Joanna Maranhão no X. "Não existe problema algum em não ter chegado à seleção ou não ser atleta de ponta. A questão aqui é que esse cidadão vende o que não foi", criticou a nadadora.
Bruno Fratus endossou a crítica. Mencionado na rede social por um seguidor, o nadador repostou o tuíte. "Nem o Fratus já teve essa audácia", dizia o post original. Ele completou: "Nem o medalhista olímpico Bruno Fratus já teve essa audácia."
O mais próximo que chegou de ser convocado para uma Olimpíada foi no Campeonato Mundial de Natação de 2005, "por 10 centésimos de segundo", conta Joel. Mesmo assim, ele diz que não acha um exagero se auto-credenciar como "um dos nadadores mais rápidos do mundo".
"Se a Joanna não tem essa autoestima toda, ela deveria ter. O Bruno Fratus e a Joanna Maranhão são exemplos para mim de atletas dentro da piscina. Cito eles com orgulho, eles têm carreiras maravilhosas. São patrimônios nacionais. Mesmo eles me atacando, só tenho admiração por eles. Se a Joanna não diz isso de si mesma, deveria dizer. Eles são muito melhores do que eu fui, estão em outra galáxia", diz.
"Mas, mesmo assim, é muito difícil ser atleta no Brasil. E depois que você é federado, já é muito difícil ir para uma Copa do Mundo de Natação. Eu fui e fiquei em sétimo. Então, sim, sou um dos nadadores mais rápidos do mundo", completa.
'CHARLATÃO POR QUÊ?'
Joel também afirma que seu "cargo" no COB foi mal interpretado pelo público. "Eu não sou mentor esportivo, e sim um padrinho do Time Brasil", explica. Segundo ele, o cargo não terá salário, apenas as despesas da viagem pagas, e ele ficará "à disposição" das comissões e dirigentes.
Jota, que também é apresentador de podcast no YouTube, palestrante motivacional e investidor do Shark Tank Brasil (Canal Sony), se disse chateado com acusações de que seria charlatão.
"Charlatão por quê? Não sou charlatão. Fui convidado pelo COB, os caras vieram atrás de mim. Não daria para eu inventar um troço desse", diz.
Segundo ele, há um mês, o COB o contratou para dar uma palestra virtual para os dirigentes de todos os comitês olímpicos que vão a Paris. "Todo mundo falou que a palestra foi muito bem aceita, que nunca viu uma palestra com tanto engajamento", conta.
Uma semana depois, foi convidado para o cargo de mentor. O convite foi oficializado na última quarta-feira (17) em evento do COB.
"Esse cargo já foi de pessoas como Luciano Huck, Sabrina Sato, Pedro Scooby. São personalidades brasileiras, formadores de opinião que têm impacto, audiência e que furam a bolha do esporte. Não vou dar mentoria para atleta, não estou nesse lugar. O problema foi subjetivo. Eles não entenderam o que significa esse cargo de padrinho.
"Nunca fui às Olimpíadas nem como atleta, nem como treinador. Estou muito feliz de estar indo, 30 anos depois, como padrinho. Me deixa surpreso que colegas de modalidade não sintam o orgulho recíproco que sinto por eles", lamenta Jota.