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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou os membros do G20 nesta segunda-feira (18) para que sejam mais atuantes para acabar com a fome no mundo, pedindo que os líderes tenham "coragem de agir".
Lula também chamou a fome de "chaga que envergonha a humanidade" e acrescentou que é inaceitável que essa condição persista em um mundo que tem gastos militares na ordem de US$ 2,4 trilhões.
"O G20 representa 85% dos US$ 110 trilhões do PIB mundial. Também responde por 75% dos US$ 32 trilhões do comércio de bens e serviços e dois terços dos 8 bilhões de habitantes do planeta. Compete aos que estão de volta nesta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade. Por isso, colocamos como objetivo central da presidência brasileira no G20 o lançamento de uma aliança global contra a fome e a pobreza", afirmou o presidente.
Lula discursou na abertura da cúpula de chefes de Estado do G20, bloco que reúne as maiores economias do mundo, além da União Europeia e a União Africana. O Brasil ocupa neste ano a presidência do bloco, que teve cerca de 150 reuniões de nível técnico e ministerial, em diferentes cidades brasileiras.
O evento foi aberto com a sessão para discutir o combate à fome e à pobreza, quando também foi lançada a Aliança Global Contra a Fome, uma iniciativa da presidência brasileira para enfrentar o problema.
"A Aliança nasce no G20, mas seu destino é global. Que esta cúpula seja marcada pela coragem de agir", disse o presidente. Lula citou números da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) que apontam "um contingente de 733 milhões de pessoas ainda subnutridas".
"Em um mundo que produz quase 6 bilhões de toneladas de alimentos por ano, isso é inadmissível. Em um mundo cujos gastos militares chegam a 2,4 trilhões de dólares, isso é inaceitável", declarou.
Em sua fala, o brasileiro lembrou que participou pela primeira vez do G20 em 2008, em Washington, e que constatou agora, passados 16 anos, que "o mundo está pior".
"Temos o maior número de conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos forçados já registrada. Os fenômenos climáticos extremos mostram seus efeitos devastadores em todos os cantos do planeta. Há desigualdades sociais, raciais e de gênero", afirmou.
O presidente voltou a discursar na abertura da segunda sessão da cúpula, que foi destinada a discutir a reforma da governança global. Lula então repetiu a suas críticas à ordem internacional, que contribui para a proliferação de conflitos e também aumenta as desigualdades.
"A omissão do Conselho de Segurança tem sido ela própria uma ameaça à paz e à segurança internacional. O uso indiscriminado do veto torna o órgão refém dos cinco membros permanentes. Do Iraque à Ucrânia, da Bósnia a Gaza, consolida-se a percepção de que nem todo território merece ter sua integridade respeitada e nem toda vida tem o mesmo valor", afirmou o presidente.
O brasileiro então acrescentou que não é necessário esperar "uma nova guerra mundial ou um colapso econômico" para que se repense a ordem internacional atual. "A resposta para a crise do multilateralismo é mais multilateralismo", disse.
Sobre as organizações econômicas e financeiras, o presidente disse que elas atualmente contribuem para aumentar as desigualdades. E também voltou a defender a taxação dos super-ricos, uma das bandeiras do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
"O mundo voltou a crescer, mas a riqueza gerada não chegou aos mais necessitados. Não é surpresa que a desigualdade fomente ódio, extremismo e violência. Nem que a democracia esteja sob ameaça. A globalização neoliberal fracassou", afirmou.
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