A juíza Michelle de Gouvêa Pestana Sampaio, da Vara da Infância e Juventude da Capital, condenou nesta segunda (29) o primeiro e o terceiro menores apreendidos por envolvimento na morte do médico Jaime Gold, 57 anos, abordado por dois adolescentes quando pedalava na ciclovia da Lagoa Rodrigo de Freitas, altura da Curva do Calombo, na noite de 19 de maio último.
De acordo com a sentença, os dois deverão cumprir medidas socioeducativas e internação por até três anos. A medida, no entanto, será reavaliada a cada seis meses, para acompanhar o progresso dos adolescentes. Eles vão permanecer sob os cuidados do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase). O segundo menor, apreendido por agentes da Divisão de Homicídios, foi absolvido. O processo corre em segredo de Justiça.
A vítima, cardiologista do Hospital Clementino Fraga Filho, da Ufrj, foi socorrido no local por um médico que passava na hora e em seguida, levado às pressas para o Hospital Municipal Miguel Couto, na zona sul do Rio, mas não resistiu aos ferimentos. Ele teve órgãos vitais perfurados com as facadas que atingiram o abdômen e o braço.
Dois dias após o crime, um menor de 16 anos, foi apreendido na comunidade de Manguinhos, por agentes da Divisão de Homicídios. O adolescente admitiu cometer roubos de bicicletas no entorno da Lagoa, mas negou participação na morte do médico. A polícia informou que ele tinha 15 passagens pela polícia.
Na outra semana, outro menor, de 15 anos, se apresentou à polícia. Ele contou que participou do roubo ao médico e acusou o primeiro adolescente apreendido pelos golpes de faca.
Duas semanas após o crime, no dia 2 deste mês, surgiu um terceiro adolescente, de 17 anos, que também se apresentou à polícia civil e deu uma nova versão para a morte do médico Jaime Gold. Ele disse em depoimento que participou do roubo ao médico e inocentou o primeiro menor apreendido, atribuindo o crime ao segundo detido, como sendo o autor das facadas.
O advogado Alberto Júnior, que defende o primeiro adolescente apreendido, disse que ainda não teve acesso aos fundamentos da decisão da magistrada, mas que "ela contraria toda a instrução probatória". Ele já decidiu que vai recorrer da medida ao Tribunal de Justiça e que tem prazo de dez dias para entrar com o recurso.