O jornalista inglês Dom Phillips, assassinado na terra indígena Vale do Javari, no Amazonas, está sendo velado neste domingo (26) em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, em cerimônia reservada a familiares e amigos. Ele foi morto no início do mês ao lado do indigenista Bruno Pereira.
"Seguiremos atentos a todos os desdobramentos das investigações, exigindo Justiça, no significado mais abrangente do termo", disse a viúva do jornalista, Alessandra Sampaio, em pronunciamento à imprensa durante o velório.
"Renovamos nossa luta para que nossa dor e a da família de Bruno Pereira não se repitam, como também as das famílias de outros jornalistas e outras pessoas defensoras do meio ambiente, que seguem em risco", completou.
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Ela agradeceu à Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) e a todos que participaram das buscas por Phillips e Pereira e disse que o apoio e solidariedade que tem recebido "traz imensa esperança".
"Dom era uma pessoa muito especial, não apenas por defender aquilo em que acreditava, mas também por ter um coração enorme e um grande amor pela humanidade", completou Sampaio.
"Ele foi morto porque tentava dizer ao mundo o que está acontecendo com a floresta e seus habitantes", afirmou a irmã, Sian Phillips. "Dom entendia a necessidade de mudança urgente na abordagem política e econômica pela conservação."
Ela lembrou que o irmão e a esposa planejavam adotar duas crianças. "Lembramos de Dom como um irmão amoroso, engraçado e legal. Ficamos tristes que ele não poderá compartilhar essas qualidades como pai."
Em frente ao cemitério onde Phillips está sendo velado, um grupo de manifestantes segurava uma faixa pedindo Justiça. "O Brasil é o país que mais assassina defensores de direitos humanos no mundo. Isso precisa ser espalhado", disse Fabiana Amorim, do movimento Juntos.
O corpo de Phillips será cremado ainda neste domingo
As mortes jogaram pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao evidenciar a atuação de grupos criminosos na Amazônia. Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (25) aponta que 49% dos brasileiros acreditam que o governo fez menos do que deveria para investigar o caso.
Até o momento, quatro pessoas foram presas por envolvimento no duplo homicídio.
Três delas confessaram participação: Amarildo Oliveira, conhecido como Pelado, Jefferson da Silva Lima conhecido como Pelado da Dinha e Gabriel Pereira Dantas, que se entregou à polícia de São Paulo nesta quinta (23).
O corpo de Pereira foi cremado na quinta (24), após cerimônia com participação de indígenas xukuru, que vivem no agreste. Eles começaram seus rituais de encantamento de madrugada e, durante o velório de Bruno, dançaram e cantaram em sua memória.
Investigadores da Polícia Federal voltaram nesta semana a Atalaia do Norte (AM), a cidade mais próxima da terra indígena Vale do Javari, para uma nova fase das investigações sobre os assassinatos.
O objetivo nessa nova fase é a análise de contradições nos depoimentos já prestados, a coleta de mais provas e a tentativa de identificação de eventuais mandantes.
Integrantes do MPF afirmaram àque uma das hipóteses investigadas é de que os pescadores ilegais envolvidos no crime sejam financiados ou armados por alguma organização criminosa com atuação na região.