Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Caiu uma posição

Instabilidade institucional joga Brasil para baixo em índice global de inovação

Folhapress
30 out 2024 às 13:55

Compartilhar notícia

- iStock
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

O Brasil caiu uma posição no Índice Global de Inovação (IGI) de 2024, alcançando o 50º lugar no ranking organizado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). A melhor marca brasileira foi o 47º lugar, em 2011. Em 2023, o país havia retornado ao top 50 após 12 anos, na 49ª posição.


Entre sete critérios principais listados pela organização, o país tem melhor desempenho em "sofisticação de negócios" (39º) e pior em "instituições" (103º). Neste último, o vizinho Uruguai ocupa a 31ª posição. Os critérios são compostos por indicadores mais específicos, sendo a estabilidade política para negócios o qual em que o Brasil fica pior colocado (115º entre os 133 analisados).

Para formular o indicador da instabilidade para negócios, o IGI usa pesquisa do Fórum Econômico Mundial com executivos sobre a capacidade do governo em garantir um ambiente político estável para empresas.
O dado ilustra como burocracias, mudanças na legislação e dificuldades de financiamento desestimulam as empresas a arriscar no Brasil, segundo Glauco Arbix, professor de sociologia da USP e ex-presidente do Finep.

"O governo tem feito coisas para mudar isso, como a Reforma Tributária. Mas, uma vez aprovada, a regulamentação vem com exceções, lobby e proteção a setores específicos", diz.

Demais reformas, como a trabalhista, previdenciária e o arcabouço fiscal, fazem parte de pacote de medidas criadas para melhorar o ambiente institucional, de acordo com Uallace Moreira, secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

"Era muito colocado que o presidente iria alterá-las e nada disso foi mudado. Há um compromisso do governo com regras institucionais", diz.

Moreira também afirma que debates entre autoridades sobre a economia, como críticas do presidente Lula (PT) à política de juros do Banco Central durante a gestão de Roberto Campos Neto, são naturais e parte da democracia, e não sinais de instabilidade.

Ele cita os ataques ocorridos no 8 de janeiro como eventos que causam percepção negativa sobre estabilidade de instituições.

O Brasil recuou em "instituições" (de 99º para 103º) e "capital humano e pesquisa" (de 56º para 57º) na comparação com a divulgação ano passado. A organização afirma que mudanças metodológicas e disponibilidade de dados podem afetar comparações anuais.

São Paulo é o único cluster de ciência e tecnologia da América Latina entre os 100 melhores do mundo, de acordo com a OMPI. A capital paulista figura ao lado de centros urbanos de outros sete países de renda média, como Cairo (Egito), Bengaluru (Índia), Teerã (Irã), Kuala Lumpur (Malásia), Istambul (Turquia) e Moscou (Rússia)

O índice a OMPI também mostra que, entre 133 nações, o Brasil está em 97º na proporção de alunos graduados em áreas de ciência e tecnologia. Desigualdades regionais, de classe e de gênero nessas áreas aprofundam ainda mais o problema, segundo Sueli Custódio, professora e chefe do laboratório de inovação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Ela destaca a dificuldade de permanência nessas nessas áreas e na manutenção de carreiras e negócios estabelecidos entre os egressos das instituições de ensino.

"Não basta a formação, é preciso infraestrutura e um ecossistema que permita empregabilidade ao jovem", afirma. Para a especialista, por mais que incentivos ao ingresso em áreas de ciências tenha aumentado desde 2022, os programas ainda se concentram na região Sul e Sudeste.

No ranking geral do IGI, o Brasil lidera entre os países da América Latina e Caribe. Ele também é o melhor colocado na região em sofisticação de negócios (39º), produção de conhecimento e tecnologia (50º) e produção criativa (42º).

Entre nações de renda média alta, o Brasil fica em 6º, atrás de China, Malásia, Turquia, Bulgária e Tailândia.
Importações de alta tecnologia e de serviços de telecomunicações e informação são alguns dos pontos fortes do país, segundo o relatório. Mas especialistas afirmam que, por mais que a pesquisa coloque o uso de tecnologias estrangeiras como positivo, a baixa capacidade de absorção do país dessas novas tecnologias deve ser colocada na conta.

"Não somos campeões de inovação, então compramos direito de propriedade intelectual. Isso significa que o país tem preocupação e mostra que usa produtos mais inovadores, mas não necessariamente que é inovador", diz Lia Valls, pesquisadora associada do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

O Brasil está em 64º em indicador do IGI que reflete a escala Pisa, que avalia habilidades de estudantes de 15 anos em leitura, matemática e ciência.

Apenas 1% dos alunos brasileiros teve nota 5 ou 6 em matemática, consideradas ideais no Pisa 2022. Singapura, o líder do ranking, possui 41% de estudantes nessa faixa, e a média da OCDE, entidade que reúne os países ricos e organiza a prova, é 9%.

O país avançou em iniciativas que tenham como objetivo melhorar o desenvolvimento de habilidades dos jovens como a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), segundo Brenda Prata, especialista de advocacy do Instituto Ayrton Senna. Mas, para a analista, uma implementação com pouca qualidade pode diminuir eficácia da política formulada.

"É necessário apoiar os professores, oferecer material didático adequado e acompanhar o desenvolvimento dos alunos por meio do monitoramento e avaliações socioemocionais", diz.

"Precisamos que os nossos jovens saiam da Educação Básica tendo desenvolvido grande parte das competências e habilidades eles precisarão para o mercado de trabalho e para a vida", afirma.

O Brasil fica entre os dez primeiros em tamanho do mercado interno e em pedidos de registro de marcas por residentes em relação ao PIB e mantém status de economia com desempenho acima do esperado para seu nível de desenvolvimento, segundo o relatório.

Em uma perspectiva global, o relatório do IGI mostra que, após um boom entre 2020 e 2022, os investimentos em inovação sofreram uma queda significativa em 2023, com publicações científicas, financiamento de capital de risco e patentes internacionais recuando aos níveis pré-pandemia.

Áreas como sequenciamento genômico e poder computacional foram destaque na manutenção do progresso tecnológico. O documento destaca que, embora a adoção de tecnologias tenha crescido em setores como 5G e veículos elétricos, o ritmo do avanço em tecnologias verdes ficou aquém da média da última década, com desafios na redução do consumo energético e dos preços de energias renováveis.

Países mais inovadores

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade


1 - Suíça
2 - Suécia
3 - Estados Unidos
4 - Singapura
5 - Reino Unido
6 - Coreia do Sul
7 - Finlândia
8 - Países Baixos
9 - Alemanha
10 - Dinamarca

Leia mais:

Imagem de destaque
Imposto de renda

Receita Federal abre consulta ao lote residual de dezembro na segunda-feira

Imagem de destaque
Há relatos de discriminação

No Brasil, inspeção de passageiros em aeroportos é aleatória, garante Anac

Imagem de destaque
Não chegou

Três em cada dez residências não têm rede de esgoto

Imagem de destaque
Pacote de gastos

Senado aprova projeto que limita ganho do salário mínimo e muda regras do BPC


Leia também:

Imagem
UEL cancela edital de residência médica após confusão com cotas para pretos e PcDs
A UEL (Universidade Estadual de Londrina) anunciou na noite desta segunda-feira (28) o cancelamento do edital que reservava até 100% das vagas de residência médica para candidatos pretos, pardos e PcDs (Pessoas com Deficiência).
Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo