A previsão de chuva e frio para os próximos dias é um tormento a mais para as milhares de pessoas que tiveram as casas destruídas pelo tornado em Santa Catarina. Além de ter perdido boa parte dos pertences, arrastados pelo vento, entre a noite de segunda-feira (7) e a madrugada de terça-feira (8), é impossível recuperar o que restou.
Situação que deve permanecer durante o fim de semana, segundo a Defesa Civil do estado, adia o retorno das famílias às suas casas. Elas são obrigadas a ficar nos centros de acolhimento, dormindo em colchões e usando roupas doadas pela comunidade.
Na Igreja do Caravaggio, às margens da BR-282, em Guaraciaba, diversas famílias dividem o espaço desde terça-feira, todas com histórias semelhantes de aflição e medo.
"Quando começaram os trovões eu me cobri, por que tenho medo dos relâmpagos. Daí veio aquele vento, arrancou o telhado e a parede. Peguei os piás (crianças) e nos escondemos dentro do banheiro. Para recomeçar a vida, tem que ver se eles ajudam. Primeiro eu preciso de um telhado, para a gente ficar em baixo", pediu a agricultora Adelci Donezi, que não possui propriedade rural e vivia de trabalhar na terra dos outros.
Vizinho de abrigo, o também agricultor Osmar Pedro Cestari, mostrava os ferimentos nos braços e nas pernas, depois que ele se agarrou a uma árvore para escapar da fúria do vento. "A minha casa desabou, e quando vi, estava do lado de fora. Eu me agarrei em uma bergamoteira (árvore de tanjerina, com muitos espinhos) e fiquei rodopiando, sendo atingido com pedaços de vidro, de telha, de pedra", disse.
Morador do bairro de Linha Welter, ele tentava calcular os prejuízos. Além da casa, de um galpão e de sete leitões, também perdeu o principal equipamento de sustento: a ordenhadeira com a qual tirava leite de suas vacas. Com o processo manual, ele perderá 30% da produção, que chegava a 110 litros por dia.