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Especialista comenta influência da ação humana nos extremos climáticos

Fabíola Sinimbú - Agência Brasil
17 nov 2023 às 19:11

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- Divulgação/Marcos Fabrício
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Após a última onda de calor que afetou mais de 2,7 mil municípios nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) divulgou alerta para temporais com rajadas de vento e queda de granizo nessas regiões no fim de semana, iniciando nesta sexta-feira (17). Conforme as previsões, o calor forte combinado com o aumento da umidade e ventos em altos níveis potencializam as chuvas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso e no Distrito Federal.


Nessas localidades, o volume de chuvas em um dia poderá ultrapassar 100 milímetros, o que reforça a previsão das mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global, que, entre outras consequências, apontou a intensificação dos extremos climáticos e hidrometeorológicos.

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Para o climatologista Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, a intensidade e a frequência, com intervalos cada vez menores, entre fenômenos naturais como o El Nino, por exemplo, mostram que toda essa mudança no clima é consequência da ação humana sobre o planeta.

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Texto oficial

Meta climática do Brasil cita pela 1ª vez redução no uso de combustíveis fósseis


“Lá atrás se você tinha uma onda de calor por década, até 2019, você já tinha 3,5 ondas de calor por década. E hoje já deve estar perto de acontecer uma em cada dois anos. O mundo inteiro está enfrentando recordes de onda de calor, secas, tempestades muito severas, com muito mais frequência. Tudo isso é o efeito direto do aquecimento global”, pontua.

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Aumento da temperatura


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Conforme o especialista, no ano passado a temperatura teve aumento médio de 1,15 graus Celsius (ºC) e já chegou a aumentar 1,26ºC, em 2016. Para 2023, estudos já apontam uma elevação de 1,4ºC. “Desde os primeiros registros de civilizações, há cinco mil anos, nunca o planeta esteve tão quente. De fato, no período em que a temperatura estava nesse nível, nós temos que voltar 125 mil anos, no último Período Interglacial”, detalha.


O aquecimento global, assim, induz fenômenos fortes, com mais frequência e maior duração. E ainda gera fenômenos climáticos que nunca existiram, como recordes de ondas de calor no verão da Antártica, e dois anos atrás no verão o Ártico.

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Ameaças


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Segundo o especialista, tanto a saúde humana, quanto as inúmeras espécies de todos os biomas são afetados com temperaturas que se mantém acima de 21ºC por muitos dias, e atingem mais de 40ºC. Além disso, o aumento de queimadas - seja pela indução do fogo facilitada pela seca, seja causada pelo homem - fortalece o ciclo destrutivo.


Atender aos objetivos do Acordo de Paris, com a redução das emissões dos gases do efeito estufa em 50% até 2030, pode amenizar todos esses problemas, mas ainda são medidas insuficientes para diminuir o ritmo do aquecimento global, já que a maior parte do gás carbônico, metano, oxido nitroso já emitidos permanecerá na atmosfera por, no mínimo, mais 150 anos.

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A queima de combustíveis fósseis é a principal causa das emissões de gases do efeito estufa no mundo e representa 70% do problema global, segundo a Organização Meteorológica Mundial. No Brasil 75% das emissões até 2022 foram causadas pelo desmatamento, 50% foram efeitos da agricultura e 25% da pecuária.


Desafios


Para Nobre, se os objetivos ambientais forem cumpridos, o planeta ficará 1,5ºC mais quente, o que já causará muitos impactos, caso contrário, a temperatura continuará aumentando e os impactos serão muito maiores. “O fato é que não tem como reverter o aquecimento global, por isso, eu considero esse o maior desafio da humanidade. Por um lado, atender aos objetivos do Acordo de Paris e o outro desafio é o da adaptação. Teremos ainda que buscar adaptar quase todos os setores e criar as condições climáticas para que as populações não fiquem expostas diretamente.”


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Fumaça cobre municípios de várias regiões do Paraná
Nesta quinta (16) e sexta-feira (17), quem olhou para cima pode ver o céu branco, como se uma camada estivesse encobrindo dezenas de cidades.
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