A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira, 7, que a oposição tem todo o direito de divergir das decisões do governo, mas não pode sistematicamente dividir o Brasil. Ela também defendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criticou sua condução coercitiva, na última sexta-feira, 4, para prestar esclarecimentos à Polícia Federal e o Ministério Público. A declaração foi dada durante entrega de unidades do Minha Casa Minha Vida em Caxias do Sul (RS).
Dilma mostrou sua indignação com a condução coercitiva sofrida pelo ex-presidente, dizendo que não tem o menor sentido que seu padrinho político tenha sido conduzido 'sob vara' para prestar o depoimento.
E utilizando os mesmos argumentos que o ex-presidente usou na sexta, 4, em pronunciamento feito na sede nacional do PT, horas depois de prestar depoimento, Dilma disse que Lula "jamais se recusou a depor". E frisou: "Justiça seja feita, Lula nunca se julgou melhor do que ninguém."
Sob aplausos da plateia presente à cerimônia, a presidente ironizou a explicação dada pela força-tarefa da Operação Lava Jato, comandada pelo juiz Sergio Moro, para justificar a condução coercitiva do ex-presidente. "Não cabe alegar que Lula estava sob proteção, é necessário saber se ele queria ser protegido. Tem certo tipo de proteção que é muito estranho."
Em sua fala, Dilma criticou também o vazamento de informações que fazem parte de inquéritos judiciais. Segundo ela, muitas vezes essas informações não correspondem à verdade, contudo, o estrago de jogar lama nos outros já ocorreu. "Com vazamentos, há estrago no julgamento." E emendou dizendo que não se pode demonizar ninguém, nem os órgãos de imprensa, mas é necessário exigir respeito.
União
Dilma disse também que o governo tem de buscar a unidade do Brasil, independentemente de questões ideológicas ou outras crenças. "Um governo tem de querer a unidade dos brasileiros, ele governa para todos, não parte ou pedaço da população. O governo sempre quer a unidade do País. A oposição tem absoluto direito de divergir, mas não pode sistematicamente ficar dividindo o País", afirmou.
A presidente reconheceu que o Brasil passa por um momento de dificuldades econômicas, mas disse que parte delas se deve à sistemática crise política, provocada "por aqueles inconformados que perderam as eleições" e que querem antecipar a eleição presidencial de 2018.
"Tem certo tipo de luta política que cria um problema sistemático, não só para a política em si, mas para a economia, a criação de emprego, o crescimento das empresas. Ninguém fica satisfeito quando começa aquela briga", afirmou.
Segundo Dilma, a parte dos problemas econômicos que não advém da crise política está sendo enfrentada pelo governo com o ajuste fiscal. "Muita gente me pergunta: 'Por que vocês estão fazendo ajustes?' A gente faz ajuste porque é como em uma casa: sempre que precisa, que a receita cai um pouco, a gente ajusta", disse.
Dilma afirmou que o governo tem de fazer ajustes e olhar o que deseja preservar. "Nós queremos preservar o que consideramos mais importante, como o Minha Casa Minha Vida". Segundo ela, mesmo em um momento de crise, o governo vem fazendo um esforço imenso para continuar com o programa habitacional.
"Tem muita gente que queria que nós acabássemos com o programa. Nós não só mantivemos como vamos lançar a terceira fase, com mais entre 1,5 e 2 milhões de moradias", voltou a prometer.
Além de Caxias do Sul, foram entregues moradias também nas cidades de Sobral (CE), Três Lagoas (MS), Jundiaí (SP) e Paracatu (MG), totalizando 2.434 unidades.