O delegado Carlos Alberto da Cunha, 43, da Polícia Civil de São Paulo, fez uma live nesta quarta-feira (11), em seu canal no YouTube, em resposta à reportagem da Folha de S.Paulo. No vídeo, que durou cerca de duas horas e 20 minutos e que chegou a mais de 15 mil pessoas acompanhando em tempo real, o delegado afirmou que sofreu injustiças do Governo de São Paulo e que não houve enriquecimento ilícito.
Da Cunha disse que não tem propriedade e que mora de aluguel. Ele afirmou também que o IPVA de seu carro está atrasado, assim como a mensalidade de um de seus filhos. "Ele tem bolsa, mas preciso pagar", disse.
O Ministério Público de São Paulo instaurou inquérito civil para apurar se o delegado ganhou dinheiro com vídeos de operações oficiais da Polícia Civil postados por ele nas redes sociais, o que seria irregular.
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De acordo com a Promotoria, caso confirmada, a monetização desse tipo de conteúdo pode configurar enriquecimento ilícito, porque os policiais não podem, em tese, usar cargos públicos nem empregar bens e materiais da Polícia Civil para benefício próprio, conforme prevê a lei de improbidade administrativa.
Da Cunha, em resposta, citou programas policiais transmitidos na televisão que usam gravações de operações policiais. "A Band filma a polícia o dia inteiro, põe no Datena, coloca comercial e ganha dinheiro com isso. A Rede TV! também filma e põe na TV. É óbvio que é lícito filmar operação policial."
Durante a live, o delegado fez anúncios de patrocinadores, como uma empresa de empréstimo consignado e outra de segurança digital.
O agente de segurança ganhou projeção nas redes sociais com a divulgação de vídeos de operações policiais das quais participava na zona leste de São Paulo. Ele negou publicamente que tenha tido ganho financeiro com postagens no YouTube, a não ser nos últimos meses, quando criou uma fundação.
De acordo com ele, o objetivo de monetizar o canal, há três meses, foi pagar seu advogado. As sete apurações em curso levaram a corregedoria a solicitar o afastamento do delegado.
O pedido foi aceito pela cúpula da Polícia Civil de São Paulo que, no final do mês passado, determinou o afastamento do policial, que teve de entregar as armas e o distintivo.
Agora, Da Cunha pediu o afastamento temporário da instituição. A licença de dois anos sem vencimentos foi autorizada pela polícia, conforme publicação do Diário Oficial desta terça-feira (10). O afastamento não provoca a suspensão dos procedimentos internos abertos pela instituição.
No vídeo, o delegado disse ter ligado para o governador João Doria (PSDB), para o delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes e para o repórter da Folha Rogério Pagnan, mas nenhum dos três o atendeu.
Ele afirmou também que não descarta a ideia de se candidatar a um cargo político. "Eu precisei entrar a pé no Palácio dos Bandeirantes, e tive muita vontade de voltar lá como governador de São Paulo."