O Rio Grande do Sul pode ser atingido pela chuva preta nos próximos dias, segundo o alerta da MetSul Meteorologia. A previsão indica que o fenômeno pode se estender também para áreas do Paraná e de Santa Catarina, especialmente a partir de quinta-feira (5).
De acordo com o Sistema Copernicus, da União Europeia, um extenso corredor de fumaça está se deslocando do Norte ao Sul do Brasil, atingindo também o Uruguai. A grande quantidade de fuligem suspensa na atmosfera pode afetar a saúde da população e a produção de agricultores.
O que é a chuva preta e como ela se forma
Leia mais:
Médicos e estudantes do Paraná embarcam em missão humanitária
STF forma maioria para manter Robinho preso por estupro
29ª Parada do Orgulho LGBTIA+ acontece domingo no Rio de Janeiroo
Anitta, Ivete Sangalo, Bethânia e Caetano estão entre as atrações do Réveillon do Rio
O orgão especialista explica que a chuva preta ocorre quando partículas de fuligem presentes no ar se misturam com a umidade e precipitam junto com a chuva. Essas partículas, conhecidas como "soot", são formadas pela combustão incompleta de materiais orgânicos.
Quando esses materiais não se queimam completamente, acabam formando partículas finas de carbono negro e outros compostos que, por serem extremamente pequenas, podem permanecer suspensas no ar por longos períodos e viajar grandes distâncias.
Quais são os impactos para a agricultura
A chuva preta pode trazer prejuízos às lavrouras, de acordo com João Cláudio Alcântara, doutor em Geografia com ênfase em Análise Ambiental pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). O especialista explica que essa água suja proveniente do fenômeno traz partículas de carbono negro e outros gases poluentes que vêm das queimadas, o que contamina o solo e a vegetação.
“Esses metariais podem alterar componentes químicos associados aos nutrientes das plantas. Por isso, é fundamental dar atenção às técnicas de manejo do solo e buscar ajuda de um engenheiro agrônomo”, explica.
Impactos na saúde humana
Além do impacto no meio ambiente, o especialista conta que a fuligem presente na chuva preta contém várias substâncias tóxicas que podem ser prejudiciais à saúde humana.
“A exposição contínua a esses poluentes pode causar problemas respiratórios, cardiovasculares e outras condições de saúde adversas. Nesses casos, é fundamental procurar ajuda médica o quanto antes”, enfatiza Santos.
Cuidados com a saúde
A população deve seguir as recomendações do Ministério da Saúde para reduzir a exposição às particulas das queimadas, sendo que a principal é aumentar a ingestão de água e líquidos para manter as membranas respiratórias úmidas e protegidas.
Além disso, é recomendado permanecer em ambientes fechados e, quando possível, buscar ambientes com ar condicionado e filtros de ar para reduzir a exposição; manter portas e janelas fechadas durante os horários de maior concentração de poluentes no ar para minimizar a penetração da poluição externa.
É importante ainda evitar atividades físicas ao ar livre durante este período do ano e não consumir alimentos, bebidas ou medicamentos que tenham sido expostos a detritos de queima ou cinzas. Outro cuidado seria a utilização de máscaras, preferencialmente, do tipo N95, PFF2 ou P100, para aqueles que precisam sair de casa.
O que podemos fazer
Embora o fenômeno da chuva preta seja alarmante, a conscientização e a adoção de medidas preventivas podem mitigar seus efeitos.
“É vital que as autoridades tomem ações imediatas para combater as causas das queimadas e melhorar a qualidade do ar. Do contrário, todos nós podemos ser impactados direta ou indiretamente”, complementa o professor João Cláudio Alcântara dos Santos.