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Sem festa

Carnaval de rua é cancelado em São Paulo

Fábio Pescarini - Folhapress
06 jan 2022 às 17:15

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- Pixabay
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A Prefeitura de São Paulo decidiu cancelar o Carnaval de rua deste ano. A medida se deve ao aumento de casos de coronavírus causados pela variante ômicron e à epidemia de influenza.


A gestão Ricardo Nunes (MDB) também desistiu de fazer o evento no autódromo de Interlagos ou em qualquer lugar fechado, como havia sido aventado, após recomendação da Vigilância Sanitária em reunião no gabinete do prefeito na manhã desta quinta-feira (6).

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No início de dezembro, a vigilância já havia aconselhado Nunes a não realizar a festa de Réveillon na avenida Paulista, e o evento acabou cancelado.

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O cancelamento do Carnaval de rua já foi decidido em outras cidades como Rio de Janeiro, Olinda e Salvador. A lista de municípios que tiraram a folia da agenda chega a pelo menos 58 no interior paulista, litoral e Grande São Paulo.

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Como no Rio, o desfile das escolas de samba está mantido, mas a Secretaria da Saúde recomendou protocolos mais rígidos para os desfiles no Sambódromo do Anhembi.


Segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, a prefeitura vai discutir com a Liga-SP (a liga as escolas de samba) quais serão os novos procedimentos. A pasta quer evitar, por exemplo, aglomeração na concentração antes dos desfiles. Haverá novos protocolos, inclusive, para os ensaios, que já são realizados desde setembro do ano passado.

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Ele citou a Corrida de São Silvestre, dizendo que todos os corredores usavam máscara na largada e tiveram de apresentar passaporte de vacina com duas doses para participar.


Eventos relacionados ao Carnaval, como bailes, terão de exigir comprovante de vacinação, independentemente do número de pessoas, segundo a secretaria.

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Coordenador da Vigilância Sanitária da capital paulista, Luiz Antonio Vieira Caldeira apresentou nesta quinta números que mostram a alta de internações de pessoas com sintomas de síndrome gripal, incluindo Covid-19 e Influenza.


Segundo ele, a análise, que terminou na noite de quarta-feira, ainda tem cerca de 40% de atraso na notificação dos dados, principalmente por causa do ataque hacker no site do Ministério da Saúde, no mês passado.

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Mesmo assim, afirmou, a procura de pacientes com sintomas gripais, incluindo Covid-19 e influenza, na rede municipal de saúde, foi semelhante ao pico da Covid, em março e abril.


Caldeira ressaltou, entretanto, que os casos de Covid são mais leves, apesar da velocidade maior de transmissão da variante ômicron do coronavírus, e que a vacinação evitou mortes, que continuam em queda.

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"A velocidade de transmissão da ômicron nos preocupa", disse ele, lembrando que no meio de dezembro passado a nova cepa já era responsável 50% de prevalência dos casos. "O mundo não estava esperando o rebote de Covid. Ela voltou e com força."


Na quarta (5), o secretário da Saúde, Edson Aparecido, afirmou que os primeiros dados analisados pela Covisa mostraram que o grau de disseminação da variante ômicron do novo coronavírus segue um gráfico que aponta para um rápido crescimento de contágio em um curto espaço de tempo.

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Nos últimos dez dias, segundo ele, os atendimentos de pacientes suspeitos com Covid-19 cresceram 30% na cidade, apesar de ainda não terem impactado nos hospitais da rede municipal.


Aparecido lembrou que, com uma variante com um grau de transmissibilidade muito acentuado, como a ômicron, a cidade deverá ter meses de janeiro e fevereiro pressionados pelo aumento de Covid-19.


Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, somente nos quatro primeiros dias de janeiro foram realizados 32.403 atendimentos a pessoas com sintomas respiratórios, sendo 18.267 suspeitos de Covid-19, nas unidades de saúde da capital.


O mais recente sequenciamento genético feito pela secretaria em parceria com o Instituto Butantan apontou que a variante representa 50% de prevalência entre os casos pacientes com o novo coronavírus na cidade.


O percentual de prevalência pode ser ainda maior, já que os números, divulgados nesta terça-feira (4), são referentes à semana dos dias 12 a 18 de dezembro.


A pressão para o cancelamento da folia na capital veio também do governo estadual. Ainda na quarta-feira, o médico João Gabbardo, coordenador do comitê científico que aconselha a gestão João Doria (PSDB) nas decisões para o combate à pandemia, disse que "é impensável manter o Carnaval de rua sem controle de vacinação".


No Carnaval de rua, lembrou, não há como fazer o controle e fica liberada a participação de qualquer pessoa. "Não não tem como acompanhar se [o folião] está vacinado. A aglomeração é imensa", disse.


"A recomendação é evitar que isso [Carnaval] aconteça, porém, a decisão cabe em súmula àqueles que dirigem o comando das prefeituras", afirmou o governador, na mesma entrevista coletiva.


Também na quarta, o Fórum de Blocos de Carnaval de Rua de São Paulo, a União Blocos Carnaval do Estado de São Paulo e a Comissão Feminina de Carnaval de São Paulo cancelaram a participação no Carnaval de rua paulistano.


As entidades também afirmaram que não participariam do evento caso ele fosse realizado em um local com entrada controlada, como o Autódromo de Interlagos.


Os grupos representam 250 blocos que estavam inscritos para a folia -ao todo, a capital recebeu inscrição de cerca de 680 blocos.


Eles alegam insegurança sanitária para participação do evento, falta de consenso entre as três esferas políticas e não inclusão dos blocos e coletivos nas tratativas da organização.


Pouco antes do Natal, grandes blocos, como os das cantoras Daniela Mercury e Glória Groove, já haviam cancelado os desfiles em São Paulo.

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