A Amazônia perdeu 99 km² de floresta em janeiro deste ano, segundo dados do Deter, sistema de alertas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), publicados nesta sexta (27). Atualizados até o dia 20, os números ainda devem aumentar até o fim do mês, mas estão bem abaixo dos 430 km² registrados em janeiro do ano passado, sob gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O número até o momento é o terceiro mais baixo para o mês da série histórica recente do Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real), iniciada em 2015. Fica acima de 2017, que registrou 58,2 km², e de 2021, com 82,8 km² de floresta derrubados.
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Janeiro faz parte da época de chuvas na Amazônia, compreendida entre os meses de novembro de um ano a março do seguinte.
Os indicadores são os primeiros no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem Marina Silva (Rede) de volta ao comando da pasta de Meio Ambiente 15 anos depois de sua primeira passagem e em um contexto muito mais complexo para o combate ao desmatamento.
Com a fiscalização enfraquecida nos últimos anos, organizações criminosas aumentaram a exploração de ouro em terras indígenas, grilagem de terras e esquemas de madeira ilegal.
Ainda, o governo Lula precisa enfrentar este cenário para cumprir as promessas de desmatamento zero e redução de emissões, reforçadas no discurso de posse e mesmo antes dela.
Em novembro do ano passado, o então presidente eleito foi à COP27, conferência do clima da ONU (Organização das Nações Unidas) realizada no Egito, e sinalizou que seu governo seria diferente do de Bolsonaro, marcado por atritos com a comunidade internacional e com fontes de recursos do exterior, como o Fundo Amazônia.
As primeiras operações contra o desmatamento na Amazônia foram iniciadas na semana passada, quando agentes do Ibama lideraram incursões contra o desmatamento em Acre, Pará e Roraima.
Em 16 de janeiro, a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) revogou a instrução normativa que flexibilizava a exploração de madeira em terras indígenas, permitindo que não indígenas participassem do manejo.
O governo também aposta em doações do Fundo Amazônia, reativado em 1º de janeiro deste ano, para retomar a fiscalização. Em 18 de janeiro, Marina Silva disse, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, que a base de doadores do fundo pode ser expandida para reforçar o combate a crimes ambientais.