O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pré-candidato do PT a governador de São Paulo, elogiou nesta quinta-feira, 23, a "iniciativa corajosa" da Prefeitura da capital paulista com os dependentes de crack, no centro da cidade. Enquanto Padilha elogiava o programa e alfinetava ações anteriores na Cracolândia, por volta das 16 horas desta quinta-feira, policiais do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Polícia Civil, faziam uma operação na região da Cracolândia, sem comunicar a Prefeitura de São Paulo.
Ao mesmo tempo, ele e o prefeito Fernando Haddad (PT) inauguravam um Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), na região de Santo Amaro, na zona sul. No discurso, Padilha afirmou que "todas as experiências isoladas de achar ''eu vou lá sozinho, vou resolver o problema'' não deram certo". "Nós vimos várias experiências isoladas que se repetiam. Primeiro, de alguém achar que resolvia sozinho. Ou de achar que uma iniciativa isolada com uma ação da polícia, de segurança ia resolver o problema do sofrimento de pessoas, de famílias, que é o crack", afirmou.
No centro da capital, no mesmo horário em que o ministro da Saúde discursava, a Polícia Civil usou balas de borracha e bombas de efeito moral em alguns dependentes. Antes da Operação Braços Abertos, da gestão de Haddad, o programa mais recente usado na região havia sido o de internação compulsória dos viciados, encabeçado pelo governo de São Paulo e anunciado no fim de 2012.
Padilha disse ter visitado a região na manhã desta quinta, acompanhado do secretário municipal de Saúde, José de Filippi Júnior. O ministro comparou a visita de hoje a uma feita anos antes: "Hoje, prefeito Fernando Haddad, fui lá de novo, e o que eu vi é uma outra realidade".
Na saída do evento, Padilha disse que a política do prefeito de São Paulo na Cracolândia é uma "ação bastante decisiva". "Nós criamos, além dos consultórios da rua, que já estão atuando naquela região do centro, mais essa figura do ponto de apoio ao consultório de rua, que aqui se chamou de braços abertos", afirmou. O trabalho em conjunto entre Prefeitura da capital e governo federal no combate ao crack foi citado tanto por Haddad como por Padilha. "O que está entrando agora é o (programa) Crack, é Possível Vencer", afirmou o prefeito, mencionando projeto do Ministério da Justiça, também citado por Padilha.
"O que o Ministério da Saúde apoia são os ambulatórios, os consultórios na rua", disse Haddad. "São R$ 3 milhões do governo federal na primeira iniciativa ali dentro", emendou. De acordo com ele, é a primeira vez que o Brasil trata a questão como um "problema de saúde real". "Dos 300 (dependentes que aderiram ao programa), já estamos com 292 com frequência", comemorou, antes de saber da operação que acontecia na região feita pelos policiais.