TULE
Descubro, vivo, um jogo,
um delinquente fôlego encrespado.
Bebi da agonia que não era minha
servida em orvalho e dentes de luares
liquefeitos em prata e negritude.
Devo então gritar a palavra proibida?
Perder-me na textura do silêncio
ou inventar um novo sino de zinabre?
Um sol nascente me arrebenta o ventre.
Uma luz que não pretendo, carne e fogo.
Diurno girassol entrelaçado,
vincado, pressionando o peito
entre o sono e o ocaso.
Ele morre em mim feito prematuro.
Da boca, uma artéria agoniza
envolta em tule vermelho.[
Rosa Maria Mano