Como velas que ardem
Na escuridão das horas,
Os olhos dos pais
Velam os son(h)os dos filhos.
Espantam os pesadelos com as mãos
E curam as feridas com palavras adocicadas.
Os anos passam...
As lembranças vão ficando pelo caminho,
Como o perfume dos campos de camomila.
Mas o velho hábito vigilante não cessa.
E somente depois de ouvir o estalar da chave na porta
É que os olhos adormecem
Numa confiante prece
Que nunca se finda.
Ah, como os filhos crescem!
E de repente a casa vazia vai ficando maior.
Sóis e luas lhes dão cor,
Mas o verdadeiro amor,
Só dos pais emana.
Pois estes,
Mesmo com as asas endurecidas
Pelas chuvas e pelos ventos da vida,
Mantém, aos filhos, o velho ninho
Sempre ao dispor.