FOME DE FORMIGA
Esses relógios têm umidade de raízes,
insondáveis como fantasmas,
obsessivos,
compulsivos,
espiam constantemente.
A paisagem esculpe as janelas dos olhos
água de batismo umedece as retinas,
delata tempestades marinhas na escuridão do inconsciente.
A água salgada corre além das rochas,
esse mar, esse mar – quase uma gruta de sonhos.
O destino marca nossas horas – como os relógios moles de Dalí,
as horas do esquecimento e as horas vindouras
até que seja possível descobrir
(atônitos)
que as fatais formigas não mordem um relógio vermelho em um quadro,
elas mordem nossa subjetividade,
atacam nossa singularidade e devoram o queijo Camembert
(já derretido).
Poema de Isabel Furini.
Esse poema conquistou o 1º Lugar no Concurso de Poesia da Academia Campolarguense da Poesia..