Mulher e Poesia
Toda a mulher é Poesia
Seja de noite, ou, de dia
Seus cabelos são sedosos versos
Que viram estrelas nos universos
Seu rosto possui o segredo da rosa
Enquanto seu corpo perfuma o jardim
Sua alma é uma fada maravilhosa
Tirando somente o que é ruim
Quando a mulher escreve um poema
Ela vira a rainha da verdadeira Literatura
Deixa de ser musa e resolve um problema
Com inteligência, doçura e candura
Toda mulher é um eterno poema
Com a suavidade de alfazema
Toda mulher é um poema eterno
Declamado num abraço fraterno.
Luciana do Rocio Mallon
Dia Oito de Março
Sobre a guarda da cadeira de madeira nobre
deixa-se a camisa branca de batom na gola
quarenta e cinco é o colarinho na fita métrica
nesta medida maliciosamente desce a unha rosa
e intumesce o mamilo intonso do peito nu.
Esparramado o corte na mesa de mármore,
as tesouras pratas correm pelo tecido ouro
junto do desejo de nenhum controle
apenas nefasto por um momento impróprio
que o tampo da mesa torna-se o leito
já não mais das peças que o chão acolhe
mas antes de tudo a provocar ruído.
No dia seguinte, por assim dizer,
os botões a fecham com os dedos soltos
e o outro interno abaixo das casas
tem-se a anagogia que se alimenta ainda
do bordado em seda das iniciais do nome
no lado esquerdo que pulsa frenético
e a respiração suspensa do grito calado.
Inconscientes ambos dos dois gametas unos
de divisão mitótica que a partir de então
é feita a tecelagem de um novo homem
embora agora o privilégio seja apenas dela.
Elói Fonseca - março 2018