(A árvore dos frutos escondidos - Série árvores inusitadas )
Ela ficava na beira de uma estrada de terra. Era muito bela, poderosa e cheia de frutos. Desde muito pequena os produzia e alimentava vários insetos e pássaros à vontade. Durante muito tempo assim foi. E ela era feliz em cumprir este papel.
Mas, com o passar do tempo, a cidade cresceu e a estrada de terra foi asfaltada. Com isto ela ficou muito exposta na beira da estrada.
E ela ficou bem infeliz com esta mudança porque começou a ser sempre atacada por moleques maldosos que derrubavam seus frutos a pauladas, pedradas ou até estilíngues. E o pior é que eles nem apreciavam seus frutos. Era pura maldade mesmo. E, ainda por cima, não sobrava nada para seus amigos pássaros e insetos.
Começou a desenvolver então um mecanismo próprio para proteger seus frutos. Algo semelhante ao "nastismo", que é um movimento reversível que uma planta faz quando recebe algum tipo de estímulo, em geral o sol ( as plantas onze-horas, por exemplo).
Agora o mecanismo dela era muito próprio, muito particular. E ela o chamou de "escondismos". E consisitia no seguinte: ela simplesmente fechava seus galhos, escondendo seus frutos, quando detectava, e de longe, a aproximação dos garotos selvagens. E assim permanecia até que o perigo passasse.
E assim pode continuar sua vida de amiga e provedora de belos e saborosos frutos para insetos e pássaros.
Tornou-se a "Árvore dos frutos escondidos".
Conto de Selma Craveiro Gusmão