Experimentando o Calvário
Essa semana conversei um pouco com Judith que peregrinou em meu grupo, em minha última peregrinação à Terra Santa em Janeiro. Essa partilha nos rendeu uma linda troca de experiências. Filha de pais evangélicos, Judith nos conta que sempre leu a Bíblia, principalmente o Antigo Testamento, o que ajudou a aflorar o gosto por histórias. Contudo, em seu projeto de vida, nunca havia imaginado visitar a Terra Santa. Quando chegou lá, ficou extasiada: "Eu via cada local que ficava maravilhada. Entrar em Jericó, a cidade mais antiga do mundo, teve um significado inexplicável", afirmou.
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Judith já teve a oportunidade de conhecer vários outros países, mas a viagem para a Terra Santa, segundo ela, foi diferente. "Nada que vivi na Terra Santa senti em qualquer outro lugar do mundo". Na realidade, peregrinar tem um significado muito maior que uma simples viagem porque exige uma preparação da alma. E mesmo assim, antes de chegar lá, não temos noção de um terço de tudo o que nos espera.
Apesar de toda a peregrinação ter sido marcante para Judith, há locais que acabam nos envolvendo mais. Para Judith, isso aconteceu na Via Sacra em Jerusalém. "A cada estação o Padre trocava sua cruz por uma maior. E só de ficar com os braços erguidos, segurando a minha pequena cruz, comecei a sentir dores e foi quando pude refletir. Comparando o meu pequeno desconforto com a flagelação de Cristo, naquele mesmo local", relatou.
É tão doloroso imaginar que alguém que nem mesmo nos conheceu deu a própria vida por cada um de nós, e que, muitas vezes, evitamos pensar em como essa entrega realmente aconteceu. Nesse período de Quaresma, penso que tudo acaba ficando mais explícito, pois somos convidados a essa reflexão. Assim como Judith, que alcançou seu encontro com o Sagrado através de seu próprio corpo, possamos também nos valer do tempo no qual estamos vivendo para também alcançar essa graça.