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A impressionante 'máquina' chamada coração

15 mai 2015 às 16:23

Coração

Em 2007, eu era um repórter ainda inexperiente, com poucos meses de vivência em uma redação, mas cheio de ideias malucas na cabeça. Uma delas: acompanhar, do início ao fim, uma cirurgia de revascularização do miocárdio, a popular 'ponte de safena'.


Junto do repórter fotográfico Evandro Monteiro, passei uma manhã no centro cirúrgico do Hospital do Coração acompanhando o trabalho comandado pelo cirurgião Kengo Baba.


Hoje, oito anos depois, fazendo pesquisa no Google sobre coração, encontrei um box da matéria que escrevi naquela época. Caramba, como este nosso órgão é complexo.


A seguir, reproduzo o texto:


O coração pode ser definido como uma máquina fantástica. Em sua função de bombear sangue para todo o corpo humano, ele bate em torno de 100 mil vezes por dia. Seus movimentos, que vão se estender até o último dia de vida de qualquer pessoa, começam ainda no útero materno,
entre o 21º e o 28º dia de gestação. O coração nunca descansa. Se parar por 10 segundos, é o suficiente para causar um desmaio. Mais de três minutos sem bater e o cérebro sofrerá danos irreversíveis.


Em seu repetitivo movimento, esse músculo bombeia sete mil litros de sangue por dia. Os médicos calculam que, se todos os vasos sanguíneos do corpo humano se interligassem, em linha reta, somariam cerca de 9,6 mil km, o equivalente a duas voltas completas ao redor da terra.


Impulsionado pelo coração o sangue passa por cada milímetro dessa gigantesca "rodovia". Despeja nutrientes, hormônios, anticorpos, calor e oxigênio. É o chamado sangue arterial, que sai limpinho do pulmão e é distribuído pelo coração. Enquanto isso recebe um monte de sujeira e o tóxico gás carbônico, é o chamado sangue venoso, que passa novamente pelo coração e volta para o pulmão para ser purificado.


O interessante disso tudo é que essa poderosa e generosa máquina de bombear sangue também precisa desse precioso líquido para trabalhar. Por isso, o coração é envolto pelas coronárias, poderosas artérias, que "coroam" – por isso o nome de coronárias – o músculo cardíaco, possibilitando que ele também se abasteça de oxigênio e nutrientes carregados pelo sangue.


Dessa forma, as lesões nas coronárias são responsáveis pelas maiores dores de cabeça e cabelos brancos dos cardiologistas. O que os médicos chamam de lesão, é uma espécie de entupimento, causado por placas de gordura, ou ateroma, que não deixa o sangue fluir normalmente. É a
famosa aterosclerose. Ou seja, falta sangue para irrigar o músculo cardíaco.


É um problema sério. Resulta em óbito ou intervenção cirúrgica. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, em 2002 aconteceram 268 mil mortes provocadas por doenças do sistema cardiovascular, que equivalem a 32% de todas as mortes no país.


Em 2003, foram realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) 32 mil cirurgias cardíacas. Se contarmos também as cirurgias realizadas pelos convênios ou pagas pelos próprios doentes, é possível estimar em mais de 40 mil cirurgias cardíacas realizadas no país a cada ano, a grande
maioria delas para resolver problemas de coronárias entupidas, e feitas com circulação extracorpórea.

Londrina, com bons hospitais e profissionais altamente qualificados, é ponto de referência nacional quando o assunto é cirurgia cardíaca. Para entender melhor como é o procedimento de uma complexa cirurgia de revascularização do miocárdio, ou ponte de safena, que é o nome mais popular, a reportagem da FOLHA DE LONDRINA foi para dentro do centro
cirúrgico do Hospital do Coração de Londrina.

Uma cirurgia cardíaca feita com circulação extracorpórea impressiona, principalmente, por ir além da lógica. Uma máquina substitui o coração e o pulmão, que ficam parados por horas para que os médicos possam realizar as milimétricas costuras dos enxertos nas coronárias e
possibilitar vida nova ao enfartado.
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A foto abaixo mostra um pouquinho do que é uma cirurgia cardíaca, um grande trabalho em equipe. A matéria completa publico aqui numa próxima oportunidade:


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