Em 1970, o cineasta Robert Altman já tinha quase 15 anos de carreira. A maior parte de seu trabalho se concentrava na televisão. Para cinema, ele havia feito apenas três longas. O último deles, M.A.S.H., tornou-se um grande sucesso de público e crítica. Altman poderia ter se acomodado e dirigido uma continuação ou seguido na mesma linha. Contrariando todas as expectativas, ele optou por algo diferente e realizou este Voar É Com os Pássaros. Eu, particularmente, não gosto deste título nada sutil. No original, ele leva o nome da personagem principal, Brewster McCloud, vivido por Bud Cort. Ele é um jovem cujo maior desejo é voar. Para alcançar seu objetivo, ele não mede esforços para eliminar os obstáculos que surgem em seu caminho e termina por construir enormes asas. O roteiro, escrito por Doran William Cannon, não agradou o diretor, que fez diversas alterações durante as filmagens. Altman, seguindo seu melhor estilo, abriu espaço para que os atores improvisassem suas falas em cena. No contrato que o roteirista assinou havia uma cláusula que não permitia outro nome que não o dele como autor do roteiro. Como se isso fosse impedir Altman de fazer as modificações que julgou necessárias neste, que segundo ele, é seu filme favorito entre os que dirigiu. Voar é Como os Pássaros é corajoso, criativo e bastante ousado na época em que foi lançado e continua assim até hoje. Em tempo: estreia da atriz Shelley Duvall, que voltou a trabalhar com Altman em outros seis filmes. Ela interpreta Suzanne Davis e em seu apartamento, preste atenção, vemos um poster de M.A.S.H.
VOAR É COM OS PÁSSAROS (Brewster McCloud - EUA 1970). Direção: Robert Altman. Elenco: Bud Cort, Shelley Duvall, Sally Kellerman, Michael Murphy, William Windom, Rene Auberjonois, Stacy Keach e John Schuck. Duração: 96 minutos. Distribuição: Versátil.