O cineasta japonês Keisuke Kinoshita iniciou sua carreira em 1943 e ao longo dos 45 anos seguintes realizou 51 filmes. Uma invejável média de mais de um filme por ano. Isso sem contar que 42 deles foram dirigidos no intervalo de 23 anos, o que eleva a média para quase dois por ano. Apesar dessa grande produção, Kinoshita não é tão conhecido no ocidente quanto Kurosawa, Mizoguchi ou Ozu, que foram seus contemporâneos. Porém, sua filmografia é das mais ricas do cinema nipônico. Como prova Vinte e Quatro Olhos, que ele escreveu, a partir do livro de Sakae Tsuboi, e dirigiu em 1954. Também conhecido como As 24 Pupilas, o filme conta a história de uma professora (Hideko Takamine), que vai lecionar em uma pequena vila de pescadores em uma das muitas ilhas do Japão. Ela é bem diferente de todos que vivem ali e gera certa desconfiança. Mas isso não a impede de conquistar seus alunos: sete meninas e cinco meninos. 12 crianças ou 24 olhos. Daí o título. A câmera de Kinoshita, sempre carinhosa e presente, acompanha aqui a vida de todos eles pelo período de duas décadas. Estão presentes neste filme elementos que poderiam facilmente transformá-lo em um mar de pieguice. Muito pelo contrário. Vinte e Quatro Olhos é carregado de beleza, poesia e humanidade.
VINTE E QUATRO OLHOS (Nijushi No Hitomi - Japão 1954). Direção: Keisuke Kinoshita. Elenco: Hideko Takamine, Shiro Watanabe, Setsuko Kusano, Hiroko Uehara, Yasuko Koike, Kunio Sato, Takero Terashita e Makoto Miyagawa. Duração: 154 minutos. Distribuição: Obras-Primas do Cinema.