Violência doméstica já rendeu muitas histórias. Principalmente na televisão. Marcos Schechtman trabalhou esse tema em algumas das novelas que dirigiu antes de estrear no cinema com Vidas Partidas. O roteiro de Jose Carvalho se concentra na relação do casal Raul (Domingos Montagner) e Graça (Naura Schneider). Tudo parecia bem na vida dos dois e a sequencia de abertura deixa isso bem claro. Assim como define a postura de cada um perante o outro. A ação se passa nos anos 1980 e se desenvolve ao longo de um período de tempo mostrando um relacionamento extremamente passional. Raul se revela dominador e Graça é bastante submissa. As coisas se complicam a partir do momento que ela começa a crescer na profissão e, principalmente, quando ele perde o emprego. Destituído de seu papel de provedor, Raul se torna cada vez mais violento. Vidas Partidas lida com um tema rotineiro nas delegacias. E olha que elas não recebem nem metade das queixas do que efetivamente acontece nos lares do país. Schechtman conduz sua narrativa com segurança, precisão e sem tomar partido. Comete alguns deslizes, é verdade, porém, a relevância do que é discutido se sobressai no final.
VIDAS PARTIDAS (Brasil 2016). Direção: Marcos Schechtman. Elenco: Domingos Montagner, Naura Schneider, Georgina Castro e Milhem Cortaz. Duração: 104 minutos. Distribuição: Europa Filmes.