Quem conhece a extensa filmografia do mestre sueco Ingmar Bergman sabe que ele não ganhou a fama de cineasta da alma por acaso. Ele dirigiu, por mais incrível que possa parecer, algo bem próximo de uma comédia romântica, em Sorrisos de Uma Noite de Amor. E realizou também dois filmes, digamos assim, de guerra. Um deles é este Vergonha, de 1968. Com roteiro dele próprio, esta obra explora as conseqüências psicológicas de um conflito na vida de duas pessoas, No caso, o casal formado por Eva (Liv Ullmann) e Jan (Max von Sydow). Eles são músicos e vivem isolados em uma ilha. Dividido claramente em três partes, inicialmente acompanhamos a vida tranqüila dos dois levam e depois, somos testemunhas dos horrores que uma guerra provoca. Então, na parte final, depois que o conflito termina, ele nos mostra o resultado daquela tragédia no cotidiano de Eva e Jan. Costumam dizer que o pior de uma guerra é o saldo que ela deixa. Bergman não toma partido aqui e também não aponta culpados. O que interessa ao diretor é a profunda transformação ocorrida na vida do casal. E é justamente isto que nos faz sentir o que o apropriado título do filme já antecipa.
VERGONHA (Skammen - Suécia 1968). Direção: Ingmar Bergman. Elenco: Liv Ullmann, Max von Sydow, Sigge Fürst, Gunnar Björnstrand, Birgitta Valberg, Hans Alfredson, Ingvar Kjellson, Frank Sundström e Vilgot Sjöman. Duração: 104 minutos. Distribuição: Versátil.