A história da cinematografia latino americana parece viver de ciclos. Já tivemos períodos de exaltação das produções brasileiras, argentinas e mexicanas. No momento, as produções de destaque vem do Chile com os filmes de Pablo Larraín, Andrés Woods e Sebastián Lelio, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2018 por Uma Mulher Fantástica. O roteiro, escrito pelo próprio Lelio junto com Gonzalo Maza, conta a história de Marina (Daniela Vega), uma garçonete transexual que sonha se tornar cantora lírica. Ela vive com Orlando Francisco Reyes), seu namorado. O destino, porém, lhe prega uma reviravolta e sua vida muda por completo. Uma Mulher Fantástica lida com questões que vão do irracional preconceito à força para superar dificuldades e manter-se fiel à sua essência como ser humano. Humano, por sinal, é algo caro aqui. Lelio é, antes de tudo, um cineasta humanista e isso é visível na postura de Marina, de Orlando e algumas outras personagens com quem ela convive. Sem levantar bandeiras e com extrema sutileza, o filme nos conduz pela rotina de uma mulher que quer apenas viver sua vida. Trabalhar, amar, cantar e ser feliz. Algo que, acredito, todos nós queremos. Ou pelo menos, deveríamos almejar.
UMA MULHER FANTÁSTICA (Una Mujer Fantástica - Chile/Alemanha/Espanha/EUA 2017). Direção: Sebastián Lelio. Elenco: Daniela Vega, Francisco Reyes, Luis Gnecco, Aline Küppenheim, Nicolás Saavendra, Neston Cantillana, Amparo Noguera, Alejandro Goic, Antonia Zegers e Sergio Hernández. Duração: 100 minutos. Distribuição: Imovision.