Hoje, quando se fala sobre os partidos Democrata e Republicano dos Estados Unidos, a maioria tende a defender o primeiro e demonizar o segundo. Na segunda metade do século XIX a bandeira ideológica deles era bem diferente da atual. Isso fica claro em filmes como Lincoln, realizado por Steven Spielberg em 2012, e este Um Estado de Liberdade, dirigido por Gary Ross, em 2016. O roteiro, do próprio diretor junto com Leonard Hartman, se inspira na vida real de Newton Knight (Matthew McConaughey), um fazendeiro do Mississipi. Entre os anos de 1862 e 1976, ele desertou do exército, formou um grupo que se rebela contra os confederados, criou um estado livre (que dá o título original do filme), defendeu os direitos dos negros e viu surgir a Ku Klux Klan. Parece muita coisa para uma pessoa só e, consequentemente, para um filme só. E realmente é. O resgate histórico que Ross faz aqui é importante. No entanto, há momentos em que a história perde um pouco o rumo, o foco. São muitas questões em jogo e isso torna complicado abarcar tudo. O que não tira o mérito de Um Estado de Liberdade. Um filme que assume riscos e, justamente por isso, comete alguns tropeços em sua narrativa.
UM ESTADO DE LIBERDADE (The Free State of Jones - EUA 2016). Direção: Gary Ross. Elenco: Matthew McConaughey, Gugu Mbatha-Raw, Mahershala Ali, Keri Russell, Christopher Berry, Sean Bridgers e Thomas Francis Murphy. Duração: 139 minutos. Distribuição: Paris Filmes/Netflix.