O cinema de Cameron Crowe costuma lidar com personagens deslocadas. Em Tudo Acontece em Elizabethtown, que ele escreveu e dirigiu em 2005, somos apresentados a Drew Baylor (Orlando Bloom), um jovem executivo responsável por um prejuízo de quase um bilhão de dólares na empresa onde trabalha. Isso provoca sua demissão e o fim de seu namoro. Arrasado, Drew não vê outra saída a não ser o suicídio, que só não é efetivado por conta de um telefonema avisando da morte de seu pai. Isso o leva de volta à sua cidade natal. Durante a viagem, ele conhece Claire Colburn (Kirsten Dunst), uma aeromoça que lhe traz um pouco de luz. Luz essa que pode apagar rapidamente, já que todos em Elizabethtown não sabem do fracasso de Drew e o julgam um grande vencedor local. Muito do charme do filme se deve à participação de Kirsten Dunst. Crowe parece ter percebido isso durante as filmagens e, claro, tirou proveito disso. Em alguns momentos, Tudo Acontece em Elizabethtown nos remete ao sucesso anterior do diretor, Jerry Maguire. Ambos lidam com recomeços dolorosos. Esse talvez seja o último elo entre os dois. Sem contar as citações roqueiras e de cultura pop, outra característica marcante da filmografia do diretor.

TUDO ACONTECE EM ELIZABETHTOWN (Elizabethtown - EUA 2005). Direção: Cameron Crowe. Elenco: Orlando Bloom, Kirsten Dunst, Susan Sarandon, Judy Greer, Jessica Biel, Alec Baldwin, Bruce McGill, Gailard Sartain e Tom Devitt. Duração: 120 minutos. Distribuição: Paramount.