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TRENS ESTREITAMENTE VIGIADOS

22 set 2018 às 19:53

O ator, roteirista e diretor tcheco Jiri Menzel começou sua carreira no início dos anos 1960 já nas três frentes. Atrás das câmeras realizou seis curtas até dirigir o primeiro e premiado longa Trens Estreitamente Vigiados, lançado em 1966 e vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro dois anos depois. O roteiro tem por base o livro homônimo de Bohumil Hrabal, que também escreveu a adaptação cinematográfica junto com o diretor. A ação se passa na Tchecoslováquia, no final da Segunda Guerra Mundial. Milos (Václav Neckár) é um jovem que, seguindo a tradição dos homens de sua família, torna-se controlador de tráfego da estação ferroviária local. Aquele espaço limitado se transforma no novo mundo de Milos. Um microcosmo que abraça a aprendizagem de um ofício. Uma educação mais ampla: sexual e de percepção do mundo. A resistência contra o opressor. A estação e os trens que vêm e vão diariamente reservam curiosas excentricidades que são filtradas pelo olhar ao mesmo tempo assustado e fascinado de Milos. Apesar de um leve tom cômico, Trens Estreitamente Vigiados lida com questões fortes. E muitas delas têm relação direta com o esforço de Milos em perder sua virgindade. Isso, colocado assim, pode até parecer se tratar de mais um filme a abordar a descoberta do sexo. No entanto, a obra de Menzel, aqui visivelmente influenciado pela Nouvelle Vague francesa, vai além e nos apresenta um painel muito maior de uma sociedade em um momento histórico específico. E faz isso colocando sua câmera para conduzir a narrativa de personagens que são caricaturais e, talvez por isso mesmo, bem palpáveis, melancólicas e carismáticas.

TRENS ESTREITAMENTE VIGIADOS (Ostre Sledované Vlaky – República Tcheca 1966). Direção: Jiri Menzel. Elenco: Vaclav Neckar, Kitka Bendova, Joser Somr, Vlastimil Brodsky, Vladimir Valenta, Alois Vachek, Ferdinand Kruta e Kveta Fialova. Duração: 92 minutos. Distribuição: Magnus Opus.


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