Quando a Marvel iniciou sua revolução nos quadrinhos no início dos anos 1960 ao incorporar elementos, digamos assim, mundanos, na vida de seus heróis que, apesar de fantásticos eram bem humanos, causou uma certa estranheza a figura de Thor, o deus do trovão. Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby se inspiraram na mitologia nórdica, porém, inseriram as características divinas da família real de Asgard em um contexto bastante, na falta de palavra melhor, terrestre. Quando a Marvel Studios decidiu adaptar essas aventuras para o cinema, o pragmatismo se fez valer. Afinal, Thor tem uma pegada shakespeariana e ninguém melhor que Kenneth Branagh, profundo conhecedor da obra do bardo inglês, para dirigir a obra. O roteiro de Ashley Miller, Zack Stentz e Don Payne funciona em muitos níveis, mas é, essencialmente, um filme de origem. Thor (Chris Hemsworth) é valente, impetuoso e arrogante. Isso faz com que ele quebre um acordo de paz promovido por seu pai, Odin (Anthony Hopkins). Este, por sua vez, para que o filho aprenda uma lição de humildade, retira seus poderes e o envia para a Terra, onde ele conhece a cientista Jane Foster (Natalie Portman). Enquanto isso, em Asgard, seu irmão Loki (Tom Hiddleston) planeja tomar o poder. O resultado é um filme solene e pomposo, o que não é de todo equivocado. No entanto, o lado mais aventuresco se dilui um pouco e nem sempre a forma está em harmonia com o conteúdo. Mas, no final das contas, funciona satisfatoriamente.

THOR (Thor – EUA 2011). Direção: Kenneth Branagh. Elenco: Chris Hemsworth, Anthony Hopkins, Natalie Portman, Tom Hiddleston, Stellan Skarsgard, Idris Elba, Kat Dennings, Jaimie Alexander, Rene Russo e Clark Gregg. Duração: 115 minutos. Distribuição: Paramount.