O envolvimento do cineasta carioca Eduardo Nunes com o cinema começou atrás das câmeras, em 1998, quando produziu um curta-metragem. Seis anos depois ele já atuava em outras frentes: escrevendo roteiros, montando filmes e dirigindo curtas. A estreia em longas veio em 2011, com Sudoeste, que teve o roteiro escrito por ele, junto com Guilherme Sarmento. Já na primeira cena é possível perceber a influência do diretor russo Andrei Tarkovski. Em especial, a sequência de abertura de O Sacrifício. Mas Tarkovski se faz presente também na maneira como a história de Sudoeste é contada. Nunes parece "esculpir o tempo". A ação se passa em um vilarejo à beira-mar. Um lugar onde as horas não passam. O que nos é mostrado, em sua essência, é bem simples. Tudo gira em torno de Clarice, interpretada pelas atrizes Raquel Bonfante (quando jovem), Simone Spoladore (quando adulta) e Regina Bastos (quando velha). Acompanhamos aqui toda sua vida no intervalo de um único dia. A bela e impressionante fotografia em preto e branco de Mauro Pinheiro Jr. reforça ainda mais a rigorosa estética proposta pelo diretor. Sudoeste é visualmente ousado e de forte caráter experimental. Trata-se de uma obra que exige um certo senso de contemplação. Vencedor de diversos prêmios internacionais, entre eles, justamente o prêmio Andrei Tarkovski, em um Festival de Cinema na Rússia. Bela coincidência.
SUDOESTE (Brasil 2011). Direção: Eduardo Nunes. Elenco: Simone Spoladore, Julio Adrião, Raquel Bonfante, Mariana Lima, Léa Garcia e Dira Paes. Duração: 128 minutos. Distribuição: Bretz Filmes.