Quando se é um diretor do calibre de Francis Ford Coppola, não existe filme pequeno, mesmo quando feito por encomenda. Ao longo dos anos 1970 ele dirigiu quatro obras icônicas da cinematografia mundial: O Poderoso Chefão (partes I e II), A Conversação e Apocalypse Now. Já na década seguinte, por conta de seguidos fracassos de bilheteria, Coppola aceitou alguns trabalhos nada autorais para pagar dívidas. Peggy Sue - Seu Passado a Espera foi um deles. Com roteiro de Jerry Leichtling e Arlene Sarner, a trama gira em torno de uma viagem no tempo. No dia da festa de confraternização pelos 25 anos de formatura do ensino médio, Peggy Sue (Kathleen Turner) desmaia e acorda exatos 25 anos no passado. De volta ao início dos anos 1960, ela tem agora a chance de refazer sua vida corrigindo as decisões equivocadas da juventude, entre elas a relação com o namorado Charlie (Nicolas Cage). Coppola abre seu filme com um intricado e belíssimo movimento de câmera. Mas Peggy Sue - Seu Passado a Espera não se sustenta apenas no apuro técnico de seu diretor. Tudo aqui funciona de maneira harmônica. O elenco, tento à frente Turner e Cage, está irretocável. O roteiro, que transita com segurança entre a comédia, o romance e o drama, com uma pitada de ficção-científica, funciona com perfeição. E não posso esquecer de mencionar a precisa trilha sonora, composta por sucessos da época. Se todo filme encomendado fosse assim, o cinemão americano seria definitivamente bem melhor.
PEGGY SUE - SEU PASSADO A ESPERA (Peggy Sue Got Married - EUA 1986). Direção: Francis Ford Coppola. Elenco: Kathleen Turner, Nicolas Cage, Barry Miller, Helen Hunt, Catherine Hicks, Jim Carrey, Joan Allen, Barbara Harris, Kevin J. O'Connor, Lisa Jane Persky e Sofia Coppola. Duração: 103 minutos. Distribuição: Obras-Primas do Cinema.