Em 1995, quando foram anunciados os indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro, O Sol Enganador, dirigido e estrelado pelo russo Nikita Mikhalkov, já vinha como favorito. Afinal, meses antes havia ganho dois importantes prêmios no Festival de Cannes: o Grande Prêmio do Júri e o prêmio do Júri Ecumênico. Escrito pelo próprio diretor, junto com Rustam Ibragimbekov, o filme conta uma história que se passa no verão de 1936, na então União Soviética. Somos apresentados a Sergey Kotov (Mikhalkov), herói do exército de seu país. Ele se encontra em uma casa de campo com sua esposa e filha quando recebe a visita de Dimitri (Oleg Menshikov), que, por trás da aparente simpatia traz consigo um perigoso segredo. O Sol Enganador, a começar por ser belo título, é um filme que lida de maneira sutil com questões políticas ligadas ao período stalinista russo, que vigorou de 1927 até 1953. A partir daquele microcosmo Mikhalkov traça um rico painel das relações entre um governo autoritário com seu exército e a sociedade. O filme alterna poesia e crítica, leveza e crueldade. Um acerto de contas com um passado não muito distante e que dissimulado, parece resistir à passagem do tempo.
O SOL ENGANADOR (Utomlyonnye Solntsem - Rússia/França 1994). Direção: Nikita Mikhalkov. Elenco: Nikita Mikhalkov, Oleg Menshikov, Ingeborga Dapkunaite, Nadezhda Mikhalkova, Vyacheslav Tikhonov e André Oumansky. Duração: 135 minutos. Distribuição: Flashstar.