O argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco já morava em São Paulo há quase dez anos quando decidiu fazer um filme. Até aí, tudo bem. Afinal, ele já havia dirigido um documentário, O Fabuloso Fittipaldi, em 1973. Fora isso, ele sabia muito pouco sobre cinema. Apesar de iniciante, com a ajuda do amigo Orlando Senna, escreveu o roteiro e com ele em mãos, conseguiu reunir um elenco respeitável. Este filme, lançado em 1975, é O Rei da Noite. A história começa em 1920, quando o jovem Tezinho (Paulo José), tem que se afastar de seu grande amor que tem um sério problema de saúde. Tempos depois, ele se envolve com três Marias: das Dores (Cristina Pereira), do Socorro (Isadora de Freitas) e das Graças (Vic Militello). Tezinho é um homem que sempre teve tudo o que quis. Porém, tomou alguns caminhos não tão corretos. Isso o faz abraçar a noite. É quando ele conhece Pupe (Marília Pêra), uma cantora de tango. Na verdade, tudo isso são lembranças de um homem de passado glorioso que hoje sobrevive como vendedor de loterias. O ritmo do filme é episódico e, às vezes, falha em sua estrutura narrativa. Babenco, realmente, ainda não dominava o ofício. No entanto, é visível a vontade dele em acertar e conseguir contar uma história. E como é bom ver um grande artista nascer.
O REI DA NOITE (Brasil 1975). Direção: Hector Babenco. Elenco: Paulo José, Marília Pêra, Cristina Pereira, Yara Amaral, Vick Militello, Isadora de Farias e Dorothée Marie Bouvyer. Duração: 97 minutos. Distribuição: Europa Filmes.